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CotidianoColunistas Ribeirão PretoA coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer

A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer

Eu tinha cerca de 37 anos e achava que meus 50 estavam longe. No entanto, o tempo passou rapidamente e eles chegaram

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Quando Arnaldo Antunes fez 50 anos, comemorou com um show na laje
da sua casa, convidou amigos e gravou um DVD. Ele dedicou a música
“Envelhecer” a si mesmo e “a todos que enfrentam e afrontam o medo de
envelhecer”. Na época, eu tinha cerca de 37 anos e achava que meus 50
estavam longe. No entanto, o tempo passou rapidamente e eles chegaram. Eu
não considero Arnaldo velho. Nem eu. Nem Gil, nem Caetano, nem Mick Jagger,
que já passaram dos 80.

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No mês passado, li no jornal que um senhor de 96 anos completou a
maratona de Paris, percorrendo 42 quilômetros em pouco mais de 7 horas.
Também vi em um portal da internet que uma mulher de 62 anos escalou a parte
mais difícil do Monte Roraima, um pico de quase 2000 metros na fronteira do
Brasil com Venezuela e Guiana. Ela disse ter chegado lá transformada.

Verdade seja dita, ninguém que gosta da vida quer envelhecer, pois isso
significa chegar mais perto do fim. Ninguém quer ir embora antes de acabar a
festa, ou ter artrite, artrose, usar fralda, depender de cuidadores e perder suas
capacidades mentais. Administrar a batalha entre as limitações e os desejos, dos
infantis aos mais audaciosos, não é fácil, mas é possível. O cinema e a literatura
nos ajudam a entender e viver melhor o terceiro tempo.

Você já assistiu aos filmes do italiano Paolo Sorrentino? Algumas pessoas
não gostam dele, mas eu amo. Em “A Grande Beleza”, de 2013, ele relata a
história de um bon vivant de 70 anos que conserva seus hábitos juvenis (sexo,
drogas e rock and roll) enquanto reflete sobre o amor, família e suas escolhas
ao longo da vida. Em “A Juventude”, de 2015, o cineasta aborda temas como
velhice e mortalidade por meio da história de dois amigos idosos que passam
suas férias em um resort nos Alpes suíços. E para aqueles que têm a sorte (ou
azar) de manterem um relacionamento até o final da vida, recomendo “Ella e
John”, que conta a interessante jornada de um casal idoso que foge dos filhos
para viver sua última aventura num motorhome em direção à casa onde
Hemingway morava na Flórida. Ele (Donald Sutherland) com Alzheimer e ela
(Ellen Mirren) com uma doença terminal. Outra boa pedida é “E se vivêssemos
todos juntos?”, de 2011. Nessa história divertida e emocionante, 5 amigos têm a
brilhante ideia de morarem todos na mesma casa, dividindo companhia,
memórias, enfrentamentos e segredos do passado. É para pensar, hein?

E há uma infinidade de filmes e séries que abordam a questão, como
“Amour” (2012), “Nossas Noites” (2017), “O Exótico Hotel Marigold” (2011) e a
hilária série “O Método Kominsky” de 2018. É interessante notar que todas essas
obras são estreladas por grandes atores que, apesar da idade, continuam
atraentes, sexys e ativos, como Jane Fonda, Robert Redford e Michael Douglas.

Se falarmos de livros sobre o envelhecimento, a lista é interminável: “A
Máquina de Fazer Espanhóis”, de Valter Hugo Mãe, “As Intermitências da Morte”,
de José Saramago e “Memórias de Minhas Putas Tristes”, de Gabriel Garcia
Márquez, são apenas alguns exemplos.

Quando eu nasci, minha avó materna tinha 59 anos. Ela não tingia os
cabelos, não praticava esportes e tinha hábitos muito diferentes dos jovens. Na
sua geração, as pessoas abandonavam de vez a juventude a partir de
determinada fase da vida e tinham um jeito de velhinhos, que seriam vistos como
antiquados atualmente. Arnaldo Antunes vai na direção oposta quando começa
sua música sobre o tema, dizendo que a “coisa mais moderna que existe nessa
vida é envelhecer”. A palavra “moderno” carrega uma conotação de vanguarda.
As pessoas idosas contemporâneas têm se permitido romper limites e manter
hábitos dos jovens. Sejamos, portanto, velhos ousados, que encaram os medos,
correm maratonas e inventam peripécias.

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