A CPI das Pirâmides Financeiras aprovou o parecer do deputado Ricardo Silva (PSD-SP), que sugere o indiciamento de 45 pessoas, incluindo oito da 123 Milhas, empresa que suspendeu, em agosto, a emissão de passagens áreas compradas pelos clientes, nesta segunda-feira (9).
O documento que contém mais de 500 páginas também pede o indiciamento do ex-jogador Ronaldinho Gaúcho, do seu irmão Roberto de Assis Moreira, assim como de todas as pessoas envolvidas na empresa 18KRonaldinho.
Todos são suspeitos de cometer estelionato, lavagem de bens e capitais, gestão fraudulenta e operação de instituição financeira sem autorização.
Os pedidos de indiciamento aconteceram após o relator do caso afirmar que existe a comprovação dessas pessoas estarem “ligadas a esquemas criminosos em relação aos quais temos fortes indícios de que a pirâmide financeira/esquema Ponzi continue em atividade”.
De acordo com o relatório, as oito pessoas ligadas a 123 Milhas serão investigadas por:
- Estelionato;
- Gestão fraudulenta;
- Pertinência à organização criminosa;
- Lavagem de bens e capitais;
- Crime contra as relações de consumo por fraudar preços ao induzir o consumidor a erro;
- E crime contra a economia popular, por obtenção de ganhos ilícitos em detrimento de grupo de pessoas por meio de especulações ou processos fraudulentos.
O parecer elaborado por Ricardo Silva indica que os sócios da empresa de viagem, “cientes da derrocada da empresa, executaram estratégias para desviar ativos dela para si e para seus parentes”.
A CPI chegou a investigar a empresa com a ajuda da Polícia Federal e constatou que a 123 Milhas operava no vermelho por pelo menos quatro anos.
De acordo com Ricardo Silva, a empresa estaria vendendo passagens áreas para datas que nem as companhias áreas haviam começado a ofertar.
O relator ainda descreve no parecer que, a partir de 2022, a empresa área começou a oferecer a venda de promessas de passagens áreas por um preço abaixo do mercado, chamado de “Linha Promo”.
Em agosto deste ano, a 123 Milhas informou que não poderia emitir as passagens como havia prometido para os clientes, isso porque a operação da empresa havia se tornado “deficitária” e “insustentável por razões imprevisíveis”.
O parecer do deputado diz que a versão apresentada pela empresa para o cancelamento das passagens não corresponde aos fatos. Além disso, existem indícios de “intenção dos sócios de falsear os resultados da empresa”.