Uma denúncia do vereador Djalma Nery (PSOL) chamou atenção para o descaso com a saúde mental em São Carlos. Com mais de 250 mil habitantes, a cidade tem apenas dois psiquiatras para dar conta da demanda do Sistema Único de Saúde (SUS). A prefeitura confirmou a carência e informou que novos profissionais serão contratados em breve (veja mais abaixo).
Segundo o vereador, o tempo de espera para uma consulta é de pouco mais de 11 meses, e a lista de espera para o atendimento psiquiátrico é extensa. Ele reforça que a saúde mental não é brincadeira e que o prazo atual não é razoável para quem precisa desses profissionais.
“A lista de espera para atendimento psiquiátrico é de 2.832 pessoas, que estão aguardando atendimento porque o município é um município rico, que teria condições de contratar profissionais, se recusa a fazer isso e as pessoas não tem acesso ao direito à saúde mental garantido”, disse.
Com a pandemia, o serviço oferecido em apoio à saúde mental ficou ainda mais escasso e ainda teve um aumento de pessoas que estão precisando. Para o parlamentar, o acesso a importantes instrumentos de saúde estão sendo cada vez mais desmontados.
“Nós precisaríamos de pelo menos 20 psiquiatras aqui em São Carlos, e a prefeitura alega que os concursos não são convidativos, que as pessoas não assumem as vagas, mas também não se dispõe a fazer um reajuste no valor da contratação, a pensar uma reestruturação dessa rede psicossocial, falta muita coisa em todos os CAPS”, ressaltou.
Atualmente, o município tem três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): Infantil e Juvenil, Álcool e Drogas e Mental, sendo que um deles não está com a equipe completa, e por isso, segundo Djalma, não conseguem o credenciamento que viabiliza o repasse do governo estadual e federal, utilizando apenas a fonte de renda da cidade.
“Você tem uma politica pública estadual e federal que poderia ajudar com recursos financeiros para fazer contratação, mas de novo por uma falha de gestão não conseguimos garantir recursos para que o serviço funcione com sua equipe completa. As casas em que eles funcionam são casas alugadas, que também não são compatíveis com as demandas, o CAPs II tem uma piscina que não podem usar e tem até medo porque pode causar algum acidente, estão precisando de um espaço adequado, não conseguem, faltam recursos materiais para oficinas. Infelizmente está subfinanciado, o investimento é baixíssimo e a gente vê sinais de desmontes dessa rede”, finalizou.
O que diz a administração
A Secretaria da Saúde confirmou ao acidade on que a cidade conta com apenas dois psiquiatras que atendem no CAPS II e CAPS IJ e reforçou que o CAPS AD e o Ceme (Centro Municipal de Especialidades) continuam sem profissional concursado porque três foram habilitados e um desistiu, e com a pandemia não foram feitos mais concursos.
A pasta ainda disse que novas contratações estão sendo providenciadas e um novo concurso público será realizado, mas não indicou a data para a chegada dos profissionais ou quantos serão.