*Por: Marina Fávaro
Desde o dia 29 de abril, chuvas intensas estão assolando o Rio Grande do Sul (RS). Segundo o balanço divulgado pela Defesa Civil estadual, a tragédia, que é considerada o maior desastre climático do estado, atingiu 78% dos municípios e causou mais de R$ 4,6 bilhões em prejuízos financeiros.
Perdas humanas e obras – como casas, escolas, hospitais, pontes e estradas – danificadas ou destruídas somam-se aos ainda incalculáveis prejuízos no setor agropecuário. De acordo com o boletim mais recente divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), a agricultura foi o setor privado mais prejudicado com a tragédia, contabilizando R$ 435 milhões em prejuízos, seguido pela pecuária com R$ 134,7 milhões de perdas.
O Rio Grande do Sul é um importante polo do setor agropecuário brasileiro. Segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP), “a colheita de arroz, que já estava bastante atrasada em relação a anos anteriores, pode ser ainda mais prejudicada”. Colaboradores consultados pelo Cepea relatam que as recentes tempestades deixaram as lavouras debaixo d’água, inviabilizando as atividades.
De acordo com o consultor em agronegócio José Carlos de Lima Júnior, “além das perdas que teremos nas áreas ainda não colhidas, havia estoques de arroz em armazéns das cooperativas, cerealistas e indústrias, ou seja, boa parte em silos que estão inundados”. Algumas estradas estão interditadas, o que também dificulta o carregamento do cereal. “Esse cenário aumenta as incertezas quanto à produtividade da safra 2023/24”, conforme apontam os pesquisadores do Cepea.
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Em relação à soja, o Rio Grande do Sul é o segundo maior estado produtor. “As chuvas em excesso atrasam as atividades de campo e vêm gerando preocupações sobre a qualidade das lavouras”, disseram os pesquisadores do Cepea. O excesso de umidade tende a elevar a acidez do óleo de soja, o que pode reduzir a oferta de boa qualidade deste subproduto, especialmente para a indústria alimentícia. Segundo a Emater/RS, 20% da safra 2023/24 ainda não foi colhida.
“Em 2024, a gente teria, com toda certeza, a segunda maior safra de soja do estado em termos históricos. Ainda que a gente possa fazer a separação da soja que já foi colhida daquela que estava por colher, a gente tem que considerar onde estava a soja que já foi colhida e guardada, porque o estado sofreu com enchentes em várias localidades. Já a que estava por colher, podemos considerar que haverá uma queda na qualidade, porque, uma vez úmidos, grãos em geral, como é o caso da soja, podem ter problemas com fungos”, explicou José Carlos de Lima Júnior.
As fortes chuvas também têm prejudicado as negociações envolvendo frango, suínos e ovos. “Com rodovias e pontes interditadas, o transporte do produto para atender à demanda vem sendo comprometido. Além disso, produtores relatam dificuldade em adquirir insumos, como rações, embalagens e caixas, no caso de ovos”, explicaram os pesquisadores do Cepea.
O setor lácteo brasileiro também tem sentido os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul. Com áreas afetadas em todo o estado e estradas interrompidas, a circulação de insumos, leite cru e lácteos vem sendo prejudicada. A falta de energia elétrica e de água assolam diversas regiões, refletindo também em toda cadeia produtiva.
JUNTOS COM RIO GRANDE DO SUL
Para contribuir com as Campanhas de arrecadação para ajudar as vítimas do Rio Grande do Sul, acesse juntoscomriograndedosul.com.br. Essa é uma iniciativa da EPTV, com apoio da CBN Campinas, CBN Ribeirão, Jovem Pan Ribeirão e EP FM.
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*Sob supervisão de Marcelo Ferri