20 de maio de 2024
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EP Agro

Chuvas no Rio Grande do Sul preocupam cadeia produtiva do agronegócio 

O prejuízo do setor agropecuário no estado soma, até o momento, cerca de R$ 569,7 milhões, segundo CNM

Rio Grande do Sul é um importante polo do setor agropecuário e as chuvas têm preocupado (Foto: Agência Brasil)

*Por: Marina Fávaro

Desde o dia 29 de abril, chuvas intensas estão assolando o Rio Grande do Sul (RS). Segundo o balanço divulgado pela Defesa Civil estadual, a tragédia, que é considerada o maior desastre climático do estado, atingiu 78% dos municípios e causou mais de R$ 4,6 bilhões em prejuízos financeiros. 

Perdas humanas e obras – como casas, escolas, hospitais, pontes e estradas – danificadas ou destruídas somam-se aos ainda incalculáveis prejuízos no setor agropecuário. De acordo com o boletim mais recente divulgado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), a agricultura foi o setor privado mais prejudicado com a tragédia, contabilizando R$ 435 milhões em prejuízos, seguido pela pecuária com R$ 134,7 milhões de perdas.  

O Rio Grande do Sul é um importante polo do setor agropecuário brasileiro. Segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP), “a colheita de arroz, que já estava bastante atrasada em relação a anos anteriores, pode ser ainda mais prejudicada”. Colaboradores consultados pelo Cepea relatam que as recentes tempestades deixaram as lavouras debaixo d’água, inviabilizando as atividades.   

De acordo com o consultor em agronegócio José Carlos de Lima Júnior, “além das perdas que teremos nas áreas ainda não colhidas, havia estoques de arroz em armazéns das cooperativas, cerealistas e indústrias, ou seja, boa parte em silos que estão inundados”. Algumas estradas estão interditadas, o que também dificulta o carregamento do cereal. “Esse cenário aumenta as incertezas quanto à produtividade da safra 2023/24”, conforme apontam os pesquisadores do Cepea. 

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Em relação à soja, o Rio Grande do Sul é o segundo maior estado produtor. “As chuvas em excesso atrasam as atividades de campo e vêm gerando preocupações sobre a qualidade das lavouras”, disseram os pesquisadores do Cepea. O excesso de umidade tende a elevar a acidez do óleo de soja, o que pode reduzir a oferta de boa qualidade deste subproduto, especialmente para a indústria alimentícia. Segundo a Emater/RS, 20% da safra 2023/24 ainda não foi colhida. 

“Em 2024, a gente teria, com toda certeza, a segunda maior safra de soja do estado em termos históricos. Ainda que a gente possa fazer a separação da soja que já foi colhida daquela que estava por colher, a gente tem que considerar onde estava a soja que já foi colhida e guardada, porque o estado sofreu com enchentes em várias localidades. Já a que estava por colher, podemos considerar que haverá uma queda na qualidade, porque, uma vez úmidos, grãos em geral, como é o caso da soja, podem ter problemas com fungos”, explicou José Carlos de Lima Júnior. 

As fortes chuvas também têm prejudicado as negociações envolvendo frango, suínos e ovos. “Com rodovias e pontes interditadas, o transporte do produto para atender à demanda vem sendo comprometido. Além disso, produtores relatam dificuldade em adquirir insumos, como rações, embalagens e caixas, no caso de ovos”, explicaram os pesquisadores do Cepea. 

O setor lácteo brasileiro também tem sentido os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul. Com áreas afetadas em todo o estado e estradas interrompidas, a circulação de insumos, leite cru e lácteos vem sendo prejudicada. A falta de energia elétrica e de água assolam diversas regiões, refletindo também em toda cadeia produtiva. 

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JUNTOS COM RIO GRANDE DO SUL 

Para contribuir com as Campanhas de arrecadação para ajudar as vítimas do Rio Grande do Sul, acesse juntoscomriograndedosul.com.br. Essa é uma iniciativa da EPTV, com apoio da CBN Campinas, CBN Ribeirão, Jovem Pan Ribeirão e EP FM.

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*Sob supervisão de Marcelo Ferri

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