26 de julho de 2024
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EP Agro

Entenda por que o etanol de milho tem crescido no país  

Fatores como disponibilidade do produto e avanços tecnológicos impulsionam o crescimento

A produção do combustível de milho deve alcançar seis bilhões de litros na safra 2023/2024 (Foto: Pexels)

*Por Marina Fávaro

Em países como os Estados Unidos, a produção de etanol a partir do milho já é consolidada. De acordo com projeções da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), a produção do combustível com essa matéria prima deve alcançar seis bilhões de litros na safra 2023/2024, o que representa uma alta de 36% em relação ao ciclo anterior. 

Bruna de Souza Moraes, que é pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que há fatores que impulsionam a produção do etanol de milho no Brasil. “A disponibilidade desta biomassa no país, que é um dos maiores produtores mundiais de milho com safras anuais, permite a produção de etanol o ano todo, inclusive na entressafra da cana”, afirmou. Afinal, durante a entressafra, entre os meses de novembro a abril, não há produção de etanol de cana-de-açúcar no Centro-Oeste e Sudeste.  

Além disso, segundo a pesquisadora, há uma tendência mundial em se produzir biocombustíveis: em 2023, por exemplo, houve um crescimento de mais de 10% de etanol no Brasil. Os estímulos ao setor por meio de políticas públicas e os avanços tecnológicos na produção de etanol de milho também são fatores que explicam o crescimento dessa produção no país. “Avanços tecnológicos permitem alcançar melhores indicadores econômicos para a sua viabilidade aliado com a melhoria da eficiência energética nas usinas e tecnologias mais eficientes, especialmente na etapa de sacarificação (amido é convertido em açúcares fermentáveis)”, disse.  

Bruna destaca que, por possuir processos adicionais, a produção é mais cara comparado ao da cana. “Apesar da eficiência de conversão do etanol por tonelada de milho (média de 400 litros por tonelada de milho) ser superior à da cana (média de 80), em termos de rendimento de etanol por unidade de área plantada, a cana apresenta rendimento superior ao milho, podendo ser até 5 vezes maior. Isso decorre principalmente da produtividade da cana por área plantada: enquanto a cana pode atingir valores máximos de 120 toneladas por hectare, a produtividade do milho pode atingir até 10”. 

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A pesquisadora destaca, porém, que há vantagens significativas em relação à produção de etanol de cana-de-açúcar, como a produção e a disponibilidade do milho durante o ano todo enquanto a cana tem períodos específicos de safra. “Isso permite ter previsibilidade na produção e oferta constante do produto. Também possui vantagens com relação ao armazenamento, que pode ser realizado em silos, armazéns graneleiros ou estruturas temporárias. Tais vantagens permitem responder mais rapidamente às variações do mercado e reduz, sobretudo, a dependência de uma única biomassa”, pontuou.  

De acordo com Mauro Donizeti Berni, que também é pesquisador do NIPE, há uma tendência em expandir a produção de etanol de milho no país por meio da instalação de novas usinas. “A expansão tende a alcançar novas e mais competitivas regiões com o objetivo de acessar mercados maiores de consumo do etanol, como Sudeste e Sul do país. As projeções para estas regiões indicam que para produção de etanol e de grãos de destilaria nestas regiões serão viabilizadas usinas com escalas de processamento menores, mas, altamente competitivas”, pontuou.  

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*Sob supervisão de Marcelo Ferri

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