Nesta sexta-feira (24) a guerra entre Rússia e Ucrânia completa um ano. No Brasil, o impacto do enfrentamento bélico impacta diretamente a agricultura, já que 85% dos fertilizantes usados no país são importados, segundo a Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos.
Um dos principais nutrientes usados na agricultura, o potássio, é o que mais preocupa o setor, já que está escasso, segundo os analistas da Anda. Apesar de ter alternativas em outros mercados, o Brasil poderia resolver a questão internamente, se não fosse o desmonte da fábrica de fertilizantes da Petrobras. Agora, com a falta de insumos, a programação dos próximos ciclos sazonais pode ser afetada. Além disso, o valor da tonelada e a falta de estoques de fertilizantes estão no radar de alerta.
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No último raio-X de preços médios do mercado realizado pela Anda, a tonelada da ureia (nitrogenado) era cotada a US$ 363. Potássio e MAP (fosfatado) foram avaliados entre US$ 500 e US$ 600 a tonelada (preços no porto no Brasil). Mesmo com estas referências, a cadeira geral do agro ainda não estudou o efeito direto da alta dos adubos para os preços de alimentos no Brasil. Mas é possível avaliar os impactos com base no valor dos insumos.
Por isso, o governo brasileiro tem enfatizado a importância de restaurar a arquitetura do livre comércio de produtos alimentícios e fertilizantes que foi aniquilada pelas sanções da Rússia. Somente em 2022, a Rússia, que foi um dos principais fornecedores de adubos para o Brasil junto de Canadá e China, exportou 8 milhões de toneladas de NPK para os brasileiros, com recuo de 13% em relação a 2021.
Ao todo, o Brasil importou cerca de 10% menos em 2022, somadas as 38 milhões de toneladas, segundo o SIACESP (Sindicato da Indústria de Adubo em São Paulo). A redução nas vendas dos fertilizantes aconteceu por dois motivos, no ano passado. Uma pelo estoque e outra pela alta nos preços.
Contudo, as vendas no país entre janeiro e novembro do ano passado, dado mais recente, totalizaram 37,7 milhões de toneladas, com recuo de 11% em relação a 2021. Mas no setor, as projeções são de recuperação de entregas este ano, ainda a se confirmarem de acordo com as safras.
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