9 de maio de 2024
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EP Agro

Produtora de soja decide deixar a colheita cor-de-rosa 

Anna Paula Nunes afirma que a colheitadeira cor de rosa representa a força da mulher no agro

Anna Paula Nunes: "“o meu intuito é mostrar para as pessoas que a mulher do agro não está somente no escritório. Ela também está na roça mesmo, trabalhando de sol a sol no dia a dia” (Arquivo pessoal)

*Por Marina Fávaro

“Eu planto e colho soja, além de prestar serviços de colheita para terceiros. Então, as minhas colheitadeiras estão espalhadas pela região e eu queria um diferencial, queria que as pessoas soubessem que aquele serviço está sendo realizado por uma mulher. Foi aí que eu falei: ‘se eu tivesse uma colheitadeira rosa, ia ser bem legal”. Quem diz isso é Anna Paula Nunes, que é agricultora em Boa Esperança do Sul (SP), na região Central de São Paulo.  

Há mais de 30 anos, Anna Paula assumiu uma propriedade rural: ela é a quarta geração a administrar a fazenda da família, sendo a primeira mulher. “Eu, como mulher, passei e ainda passo por inúmeras dificuldades e problemas por ser mulher. O mundo do agro é muito masculino. Está melhorando a cada dia, mas, ainda assim, é muito masculino e há 20 anos era pior ainda”, contou a produtora rural.  

“Quando eu comecei com a soja, os outros produtores homens não se conformavam que o meu plantio estava dando certo ou, até mesmo, indo melhor do que o deles”. Essa é uma das situações que a Anna Paula enfrentou – e ainda enfrenta – no dia a dia do campo.  

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Hoje, a descrença em relação ao seu trabalho diminuiu, mas ela conta que, por causa do preconceito enfrentado, sempre gostou de exaltar a participação feminina no agro. “A gente precisa conhecer outras mulheres que também passaram por dificuldades e preconceitos por serem mulheres no agro, seja em cargos de liderança ou não, porque, assim, a gente passa a entender que também conseguimos driblar as dificuldades”, afirmou.  

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Foi pensando nisso que, em uma conversa informal durante um evento de agronegócio, Anna Paula propôs a uma fabricante de tratores e colheitadeiras que produzisse uma colheitadeira cor-de-rosa. “Eu ainda falei: ‘só que eu não quero um rosa de menina, eu quero um rosa de mulher do agro que trabalha e produz alimentos para alimentar todo mundo’”. E aí, para a minha surpresa e de todo mundo, eles toparam”, disse brincando.  

A produtora rural ressalta que ter uma colheitadeira cor-de-rosa no campo é simbólico. “Quando alguém passar e ver uma colheitadeira rosa colhendo soja, vai falar: ‘nossa, uma colheitadeira rosa, provavelmente é de uma mulher!’”. Ela conclui dizendo que “o meu intuito é mostrar para as pessoas que a mulher do agro não está somente no escritório. Ela também está na roça mesmo, trabalhando de sol a sol no dia a dia”, pontuou.

*Sob supervisão de Marcelo Ferri  

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