Desde julho, a Escola Municipal de Ensino Básico (EMEB) Ulysses Ferreira Piccolo, em São Carlos (SP), passou a empregar um novo recurso para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem no Ensino Fundamental I. Trata-se de um software de letramento online, cuja função é oferecer exercícios de leitura e ortografia aos estudantes com mais dificuldade na alfabetização.
Batizado de “Leon” pela EMEB localizada no Jardim Bela Vista, o programa foi desenvolvido pelos Centros de Pesquisa das duas universidades públicas do município UFSCar e USP , além da Secretaria Municipal de Educação (SME) e a Diretoria de Ensino da Região de São Carlos.
De acordo com a docente de Psicologia da UFSCAR, Deisy das Graças de Souza, o programa visa sanar dificuldades básicas, porém fundamentais para a alfabetização integral, através de uma metodologia que permite à criança treinar os conceitos na prática e aprender por tentativa e erro. “Existe um percentual estável de crianças, entre 5% e 20%, na idade de alfabetização que não consegue aprender no mesmo ritmo das outras. Isso é comum em qualquer lugar do Brasil ou do mundo. A principal dificuldade vem do conceito de que cada som tem a sua representação gráfica, ou seja, um grafema. A literatura científica mostra que para aprender esse conceito, elas precisam de mais tempo e de um atendimento individualizado, onde o professor fará o monitoramento e dará feedbacks constantes”, explica Deisy, que é também coordenadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Comportamento, Cognição e Ensino.
Ela afirma ainda que é através da oportunidade de repetir as tarefas até fortalecer a aprendizagem que a criança absorve o conceito da lição. Nesse sentido, o computador age como um facilitador, já que o software está programado para estimular a criança a tentar novamente até encontrar a resposta correta.
O Leon na EMEB Ulysses
O Leon faz parte do projeto EduScar, um guarda-chuva de iniciativas desenvolvidas pela USP e a UFSCAR com o objetivo comum de elevar a qualidade do ensino nas escolas públicas. O diferencial do programa Leon, além da inovação, é o modelo de aplicação. Os exercícios de reforço são dados de forma individualizada ou em grupos pequenos, conforme explica Deisy.
“Na sala de aula, o professor tem a turma de crianças inteira para cuidar. Não há espaço para uma dedicação individual, focada nas dificuldades. No modelo em que o Leon é aplicado, os exercícios são passados individualmente com a orientação do professor. Então, conforme a criança compreende os conceitos e pratica, ela vai adquirindo autonomia para continuar fazendo sozinha”. Os exercícios são feitos na sala de informática, com monitores voluntários da pós-graduação de Psicologia da UFSCAR, no próprio turno escolar, com duração média de 30 minutos.
Na EMEB Ulysses Ferreira Piccolo, os professores indicam os estudantes que precisam do reforço depois de um diagnóstico de desempenho escolar. De acordo com Filipe Lopes da Rocha, diretor da escola, a ferramenta também tem papel importante no processo de recomposição da aprendizagem. “Começamos a usar o Leon em julho, mas ele também vem ajudando na recomposição de conteúdos para estudantes que pegaram o período de pandemia durante a alfabetização, especialmente do 3º e 4º ano. Esperamos que ele seja um facilitador nesse processo”.
