8 de maio de 2024
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Racismo estrutural também se manifesta em instituições de ensino

De acordo com o professor presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra em São Carlos, o preconceito é o principal instrumento para subalternizar um povo

No dia 1º de dezembro, uma pichação racista foi encontrada em uma das paredes do alojamento estudantil da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista. Com os dizeres “Volta p/ África”, a frase causou consternação tanto pelo conteúdo, quanto pelo momento em que foi feita: logo após o mês em que se comemora o Dia da Consciência Negra e menos de uma semana desde que uma suástica, símbolo nazista, foi vista desenhada no campus. 

Tais situações demonstram, às claras, o racismo que ainda faz parte da sociedade brasileira, inclusive em ambientes no qual se espera que tais preconceitos sejam desconstruídos.  

“O racismo é um projeto de dominação que permeia toda a sociedade brasileira e as instituições sociais que fazem parte desta estrutura, como as instituições de ensino. A escola acaba, portanto, perpetuando esse projeto em função de pertencer à estrutura do racismo institucionalizado”, explica o pedagogo José Claudio Salvador, professor da rede de educação municipal de São Carlos e presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra (CMCN).

Crédito: Freepik
Crédito: Freepik

 

Em toda a estrutura 

Mas as escolas e as universidades são só alguns dos níveis de manifestação do racismo, que, na sociedade brasileira, se impõe de maneira estrutural.  

“Significa que temos a prática de um conjunto de hábitos e estruturas que são bem datados e promovem uma classe e/ou raça/etnia a ser subalterna. Afinal, o racismo é um projeto de dominação mercantilista que determina que um povo seja servil a outro povo. Civilização e primitivismo. A aculturação é um dos filhos do racismo e o preconceito é seu principal instrumento”, explica Salvador, ressaltando que, historicamente, o racismo estrutural é um projeto de origem portuguesa, que adotou formas de usurpação dos direitos garantidos e se estende até os dias de hoje. 

Sendo assim, manifestações racistas como as encontradas na USP são também consequências da ausência de práticas com perspectivas étnico-raciais dentro das comunidades escolares, as quais terminam por reproduzir o que já está dado. Contudo, na perspectiva da pedagoga Gabriela Maria Fornaciari, especialista em Educação Infantil e em Educação de Jovens e Adultos (EJA), é possível começar a desmontar essa estrutura discriminatória ao se admitir a existência do problema. ” 

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É preciso adquirir conhecimento e reconhecer que o racismo está presente inclusive em nossos atos cotidianos. Temos a obrigação de procurar informações e respostas para saber mais sobre o racismo, além de questionar e analisar a nossa própria vivência, colocando em xeque aquilo que é visto como natural”, alerta.

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