No contexto brasileiro, a pandemia de Covid-19 trouxe novos desafios para a educação, que, em certos casos, provocaram até retrocessos no desenvolvimento dos alunos de diferentes ciclos escolares. Um dos problemas mais evidentes foi justamente a defasagem de aprendizado causada pelo ensino não-presencial, um formato que acabou sendo imposto pelo período de isolamento.
Além disso, diversos obstáculos se impuseram a esse ensino à distância, desde a falta de infraestrutura digital, como computadores e acesso à internet, que possibilitariam a continuidade dos estudos dentro de casa, até a inversão dos papeis, com pais e responsáveis se desdobrando para ensinar os filhos.
“Com o retorno presencial das aulas pós-pandemia, o acolhimento dos alunos, a avaliação diagnóstica do aprendizado e a realização de intervenções pontuais foram fundamentais. Além de melhorar a qualidade do tempo empregado em aula, foi necessário proporcionar as ações de reforço no contraturno”, explica a diretora pedagógica, Alessandra Marques da Cunha Lopes.
Essas ações pensadas para corrigir a trajetória pedagógica dos estudantes fazem parte do Programa de Recomposição da Aprendizagem, planejado pela Secretaria Municipal de Educação (SME) de São Carlos.
A iniciativa é voltada para estudantes do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental I da rede municipal. Nele, diferentes atividades e conteúdos são desenvolvidos no contraturno escolar, visando recuperar temas que já foram abordados durante as aulas online, mas acabaram não sendo bem assimilados. “A Recomposição de Aprendizagem consiste em reconstituir fundamentos essenciais para a continuidade da trajetória do aluno. É um conceito que surgiu com a pandemia e a necessidade de um novo tempo pedagógico, cuja função é proporcionar o desenvolvimento integral do estudante”, ressalta a diretora.
Recomposição em ação
Já iniciado, o programa é uma ação complementar às aulas, ocorrendo em paralelo às atividades previstas no projeto pedagógico de cada unidade escolar da rede municipal. Ao longo do ano, ele será trabalhado dentro de três pilares, de acordo com a idade e as necessidades do estudante: desenvolvimento da alfabetização, produção textual e raciocínio lógico-matemático.
Assim, o professor é o responsável por encaminhar o aluno à determinada frente de trabalho, a partir das dificuldades identificadas em sala de aula. Por exemplo, o estudante poderá ser indicado para o reforço de alfabetização e matemática ou de produção textual e matemática; mas aquele que estiver fazendo o de alfabetização, só poderá fazer o de produção textual depois, quando já tiver dominado o código da língua.
De acordo com Alessandra, o programa não tem data determinada para acabar e envolverá ações de médio e longo prazo.