19 de maio de 2024
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Educa mais cast

Uma arena de robótica dentro da biblioteca

Projeto encabeçado pelo bibliotecário Marcos Teruo Ouchi instala na biblioteca municipal Isabel Hipólito, em São Carlos, um espaço inovador e aberto para os estudantes

As áreas de tecnologia estão entre as que mais se expandem no Brasil e no mundo, sendo tal situação acelerada pela necessidade de digitalização de processos e serviços durante a pandemia de Covid-19. De acordo com pesquisa realizada pelo portal Indeed, presente em mais de 60 países, a demanda por profissionais da área de Tecnologia da Informação aumentou exponencialmente nos últimos dois anos: de 1º de fevereiro de 2020 a 1º de julho de 2022, a busca por desenvolvedores de software, por exemplo, cresceu 107.3%. Ao lado de profissionais da saúde, cinco diferentes cargos de TI figuram no ranking dos trabalhos mais bem pagos. 

Por outro lado, para muitos jovens brasileiros, o contato com a programação e a robótica, bem como a ascensão nesses campos de estudo, ainda são oportunidades escassas. Pensando nisso, o bibliotecário Marcos Teruo Ouchi, do Sistema Integrado de Bibliotecas de São Carlos (SIBi-SC), resolveu instalar dentro da biblioteca municipal “Isabel Cristina Apolinário Hipólito” uma arena de competição de robôs para estudantes do Ensino Fundamental e Médio.  

“São Carlos é a capital da tecnologia. Mas existe a São Carlos da USP, UFSCar e IFSP, e a São Carlos dos bairros periféricos, onde a realidade é bem diferente. A ideia é conectar esses dois mundos e a biblioteca funcionar como um hub entre eles”, explica.

Arena de robôs instalada na biblioteca municipal “Isabel Cristina Apolinário Hipólito”. Crédito: Divulgação.

 

O projeto, que ainda é um piloto, se concretizou graças a apoios e parcerias. Além da Secretaria Municipal de Educação (SME), uma empresa local de soluções tecnológicas fez a doação do material necessário para construir a arena, enquanto o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia São Paulo (IFSP) cedeu 35 kits eletrônicos para montagem de robôs. 

Instalada em junho, a arena pode ser usada pelos alunos das redes pública e privada, embora o objetivo seja democratizar o acesso à tecnologia especialmente aos estudantes das áreas periféricas da cidade. 

Após o desenvolvimento do projeto piloto, a SME pretende instalar uma arena em cada uma das 10 bibliotecas municipais, pretendendo contribuir, assim, para abrir novas portas de conhecimento e, no futuro, de oportunidades. 

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A arena 

Neste momento inicial do projeto, nove estudantes se reúnem semanalmente na arena com o bibliotecário Teruo. O grupo está aprendendo os conceitos introdutórios de programação e, em breve, poderá colocar a mão na massa montando seus robôs. Com o tempo, espera-se aumentar esse número e estimular a formação de equipes de robótica em cada Escola Municipal de Ensino Básico (EMEB) para participar das competições da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), na qual o bibliotecário também é coordenador e árbitro. 

Objetivo do projeto é democratizar acesso à robótica e, em 2023, ter equipes na competição da OBR. Crédito: Divulgação.
Objetivo do projeto é democratizar acesso à robótica e, em 2023, ter equipes na competição da OBR. Crédito: Divulgação.

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Em outro projeto de formação da SME em parceria com o IFSP, estudantes do 8º e 9º ano das EMEBs Profa. Dalila Galli e Carmine Botta participam de um projeto de extensão com duração de oito semanas nos laboratórios do Instituto. Eles aprendem sobre Scratch, uma linguagem de programação visual usada em games e animações, e Arduino, uma plataforma de prototipagem usada no desenvolvimento de projetos robóticos. ” 

A ideia é que as próprias crianças sejam replicadoras do que aprenderam. Na minha opinião, é a melhor forma do projeto ter continuidade: não ficando centralizado em servidores, que hora ou outra podem sair, e o projeto acabar sendo pausado”, avalia Teruo. 

Mirando no futuro 

Gabriel Henrique Araújo Vasconcellos, de 13 anos, estudante da EMEB Carmine Botta, é um dos participantes do projeto piloto. “A bibliotecária me chamou para participar. Fizemos duas reuniões durante as férias. Em uma, o Teruo passou um trabalho de pesquisa e, na segunda, a gente já mexeu um pouco nas peças do robô”, lembra o aluno.
Sua vontade é, até ano que vem, estar pronto para competir na OBR, que ele visitou como observador este ano.  

“Já tenho uma equipe com dois amigos da escola, se chama Robocop, e já fui três vezes estudar sozinho na biblioteca. Quero continuar estudando isso no futuro”, afirma. 

Questionado se a robótica é fácil, Gabriel é enfático ao responder “não”, mas diz que se sente estimulado a aprender. “Por exemplo, o robô precisa ter um peso exato, porque, se ficar pesado, ele não anda. Tem uma série de coisas assim. Por enquanto, preciso da ajuda do professor, mas com o tempo vou conseguir fazer sozinho”, declara. 

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