A corrida é um hábito que pode durar durante muitos anos, se realizada corretamente e respeitando os momentos de descanso. Foi assim que aconteceu com Paulo Roberto Embrizi, de 60 anos, que iniciou na corrida para acompanhar um amigo e já pratica há mais de 20 anos. Ele conta que tudo começou em 1999, quando o seu professor de condicionamento físico, Luiz Henrique, amante da corrida e um dos fundadores da CUCA (Associação dos corredores de Campinas), o convidou para participar da Corrida Integração daquele ano.
“Naquela época, eu achava que correr 10 km não era para ser humano, mas, em consideração a ele, fui. Naquele ano, a largada foi às 14h, no Largo do Rosário, em Campinas, mas quando cheguei em frente aos Correios já estava ‘morto’. Na verdade, eu não tinha a menor ideia do que fazer, mas fui caminhando, correndo e, principalmente, conversando com as pessoas”, conta Paulo, que acabou a prova em 1hh50min, mas completamente encantado com o clima da corrida e com as pessoas com quem conversou.
Logo em seguida, Luiz, de apenas 35 anos, faleceu. Então, Paulo resolveu que continuaria participando das competições, conciliando a satisfação de estar no evento e homenageando o amigo. “Comecei a me impor metas bem simples e, ano a ano ia melhorando, mas sem orientação adequada a coisa não fluía bem. Até que, na Integração de 2005 me machuquei. Tive uma contusão que só foi resolvida em 2006, por isso não foi possível participar naquele ano”, relembra o atleta amador.
ON RUN: Como foi seu início da corrida?
Paulo: Na verdade, a corrida, como esporte, nunca me atraiu muito, mas eventualmente eu ia na Lagoa do Taquaral com um colega, onde fazíamos pequenos trotes. Até que, em 1999, um amigo e professor de condicionamento físico, um fanático pelo esporte, fez minha inscrição na Integração. Depois disso, nunca mais parei.
ON RUN: Quais as maiores dificuldades para se manter treinando?
Paulo: Para quem é amador, a cobrança tem que ser por iniciativa própria, assim como as metas. Você escolhe: uma distância, uma prova, sempre um novo desafio, mas claro, respeitando sua condição física. Aí, vai atrás do seu desejo. É simples. É fácil? Nem sempre
ON RUN: Quais são os pontos para te manter treinando?
Paulo: Saber que tem dia e hora para treinar ajuda muito. Por este motivo, acho importante treinar com outras pessoas, o ideal com um grupo de corrida. Você fica motivado pelo treino, pela conversa e pelas risadas, afinal, somos amadores.
ON RUN: O que tem dado mais atenção para continuar firme nos treinos?
Paulo: Alguns dias parado, seja por qualquer motivo, você já sente os efeitos que o esporte te proporciona. E pior, depois de alguns anos treinado, você sente que, ao ficar parado, está se sacaneando. Parece que está em débito com você mesmo, coisa de corredor.
ON RUN: Quais atividades tem feito para melhorar cada vez mais na corrida?
Paulo: Sem dúvida, musculação é essencial para a prática de qualquer esporte. Na corrida, principalmente. Mas alongamentos também são de extrema importância. Para provas de longa distância, o psicológico conta muito.
ON RUN: Quais são seus maiores sonhos ou desejos com a corrida?
Paulo: Como todo bom corredor, sempre temos vontade de participar de algumas provas que se destacam no calendário mundial. Embora já tenha tido oportunidade de participar de algumas, ainda tenho vontade de participar da Maratona de Nova Iorque, de Berlin, e de Paris, ou até mesmo dos 15k Paris/Versailles.
ON RUN: Quem te motiva na corrida?
Paulo: Toda minha família me motiva para a corrida. A esposa e as filhas sempre me apoiaram no esporte, mesmo quando temos alguns contratempos, como, por exemplo, uma festa na véspera de uma prova, não deixamos de ir, mas voltamos um pouco mais cedo.
ON RUN: Como seria a sua corrida de rua ideal?
Paulo: Talvez uma corrida só com retas e descidas. A subida seria só depois da linha de chegada! Nossa, seria perfeito! Mas uma prova bem-organizada, com todas as etapas bem planejadas, da inscrição, retirada do kit, percurso, premiação, etc., na minha opinião, já é uma corrida ideal. Por isso é muito importante escolher bem as provas que deseja participar.
ON RUN: Quem são seus ídolos ou pessoas que te inspiram e te mantem firme na corrida?
Paulo: Sempre, durante uma prova ou treino mais pesado, penso em parar com tudo, aí lembro da Maratona da Grécia em 2004, quando o Vanderlei Cordeiro de Lima, mesmo sendo derrubado pelo tal padre, não desistiu. Outro que me inspira muito é o Marílson dos Santos. Mas, sem dúvida, outro que continua ídolo, mesmo já tendo nos deixado, é o Ayrton Senna.
ON RUN: Descreva como é a sua rotina de treinos de corrida.
Paulo: Meus treinos, acredito eu, são bem moderados. Duas vezes por semana, treino com a turma e, finais de semana, faço o longão, quase sempre sozinho, para colocar as ideias em ordem, com distância que varia dependendo da prova que irei participar. Tenho mais dois dias na semana de musculação.
ON RUN: Como é a sua alimentação no período de treinos e descanso, é tudo igual?
Paulo: Minha alimentação é bem variada, com frutas, legumes, verduras, carnes, arroz e feijão. Não muda muito em época de provas, só evito os excessos e as guloseimas. Com relação ao sono, ainda é um problema que preciso superar. Depois de muitos anos de noites mal dormidas devido ao trabalho, hoje ainda tenho problemas para ter uma boa noite de sono, mas nada que não se supere.
ON RUN: Já sofreu alguma lesão grave?
Paulo: Sim, já tive um problema sério na perna, logo após uma Integração. Eu não estava muito preparado e sem orientação. Isso me custou oito meses de tratamento e a não participação na Integração seguinte. Por isso, reforço a importância de estar orientado por um bom profissional na prática de qualquer esporte, principalmente a corrida. Depois disso, nunca mais me lesionei.
ON RUN: Quais conselhos daria para quem sonha se tornar um corredor amador?
Paulo: Primordial: procure alguém competente para te orientar. Respeite seu corpo. Procure conciliar os treinos com suas atividades, fazendo parte da sua rotina. Quando estiver preparado, procure fazer uma prova, garanto que nunca mais vai parar.
ON RUN: Considera importante ter um professor especialista em corrida?
Paulo: Já passei por péssimas situações, treinar sem orientação ou treinar com profissional sem conhecimento em corrida, não sei o que é pior. É extremamente importante a orientação de profissional especialista em corridas, porque, além de você passar a ter resultados favoráveis, evita lesões e até acidentes fatais, como já tivemos em provas aqui em campinas.
ON RUN: Você tem alguma mania ou superstição?
Paulo: Nossa, não sei se é mania, superstição, toque, ou simplesmente nervoso, mas, antes de largar, o pipi naqueles banheiros químicos maravilhosos não pode faltar, por mais que eu previna antes, coisa de maluco.
ON RUN: Conte algumas histórias inusitadas, interessantes ou engraçadas que viveu ou viu na corrida.
Paulo: Em uma das participações na prova Tribuna de Santos, uma prova que atrai milhares de corredores, encontrei, na largada, uma colega de trabalho. E quem já largou tem ideia da quantidade de pessoas. Quando vi, estávamos lado a lado. Se tivéssemos marcado, não teríamos nos encontrado daquela maneira. Nesta mesma prova, depois dos 9k, pude observar um portal e pensei: “Nossa, está acabando”. Como dizem, “dei um gás” para chegar logo, mas era um portal informando que ainda faltavam 500 metros. Aí pareceu 50 km. Foi difícil chegar.
ON RUN: Qual foi o motivo que fez você praticar a corrida?
Paulo: Depois de minha primeira participação, que foi em uma Integração, senti o clima, o astral dos participantes, e uma energia contagiante. É uma sensação que só quem está no “bolo” sente. E quando você chega, cruza a linha de chegada, é um sentimento de missão cumprida. Não dá para descrever em palavras.
ON RUN: Qual sua mensagem para os corredores que, assim como você, irão participar da Corrida Integração 2022?
Paulo: Faça sua inscrição consciente, participe da prova para a qual se preparou 5km ou 10km. Se não deu para se preparar, vá na caminhada. Aproveite o clima e se prepare para o próximo ano. Assim você poderá curtir e aproveitar o momento.
ON RUN: Quais as principias provas e resultados que você participou?
Paulo: Já corri 19 vezes a Integração e caminhei uma. Este ano, será a vigésima correndo. Já participei da meia maratona do Rio de Janeiro, Meia Maratona de Gondomar, no Porto, em Portugal, Maratona de São Paulo, Maratona de Buenos Aires, entre dezenas de outras provas de 5km, 10km e 21km. Contudo, a que mais se destaca atualmente foi a HC Run 2022, na qual fiquei em primeiro lugar na minha categoria, primeiro pódio. É importante, sim, é muito importante, mas se minha motivação fosse ganhar, não teria nem iniciado na corrida. Para mim, o importante é praticar o esporte corrida de rua.
