*Por Thiago de Souza
A cidade de São Paulo comemora 470 anos nesta quinta-feira (25), sendo uma das mais importantes metrópoles do mundo. A data coloca duas figuras interessantíssimas em evidência: O Padre Anchieta, que hoje é Santo, e São Paulo, que já era Santo quando o povoamento de São Paulo dos Campos de Piratininga foi fundado
Quem foi São Paulo?
A data da celebração, como se sabe, é 25 de janeiro de 1554. 25 de janeiro, para quem não sabe, é a data de conversão de Saulo de Tarso, ou melhor, Paulo de Tarso – São Paulo. Paulo serviu Roma e era ferrenho perseguidor de cristãos, até que, em uma diligência anticristã nas imediações de Damasco, teve uma visão de Cristo.
Jesus apareceu para Paulo emoldurado em luzes e ondas incandescentes, que pela intensidade, o cegaram por três dias. O retorno da visão chegou com a arrebatadora convicção de que sua vida, a partir dali, serviria o propósito de propagar a palavra do cristianismo.
Paulo, depois de sua conversão, também foi perseguido, preso e executado. Seus restos mortais, que já foram escondidos nas Catacumbas de São Sebastião, hoje se encontram na Basílica de São Paulo Fora Muros, em Roma, na companhia da corrente que prendeu Paulo antes de sua execução e as ruínas da Basílica de Constantino.
A Paulo credita-se a elaboração de treze epístolas do novo testamento, além da fama de maior propagador da fé cristã, dada a sua retórica objetiva que fundamentaram o Evangelho.
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Quem foi José de Anchieta?
Evangelho que Anchieta e os Jesuítas tinham como propósito divulgar. Para muito além de sua história “regular”, Anchieta era conhecido como o Padre que voava, pois, a ele se creditava a capacidade de bi locação, portanto, de estar em dois lugares ao mesmo tempo.
Santo Anchieta, ainda – apenas – José de Anchieta, chegou ao Brasil no ano de 1553. O Jesuíta celebrou a primeira missa ecumênica que inaugurou não apenas as atividades do Real Colégio de São Paulo dos Campos de Piratininga, mas também um pequeno povoamento que se tornou a maior cidade do País.
Amo encontrar figuras místicas ocupando protagonismo na estruturação de comunidades, porque, inevitavelmente, o fantástico ocupa seu lugar de direito nos alicerces da história local e o mito de criação de São Paulo, ao meu ver, também se revela pela atuação de Anchieta, mas na condição de dramaturgo. Para cumprir seu papel de evangelizador, o jesuíta utilizava passagens do evangelho em representações teatrais.
Para ser melhor compreendido pelo público alvo, ou seja, os povos originários, ele inseria no contexto das passagens personagens da mitologia local. Foi assim que São Paulo conheceu uma entidade primordial para compreender, quem sabe, seu mito de criação: Anhangá.
Quem foi Anhangá?
O Anhangá tinha como território o vale do Anhangabaú e não há dificuldade em encontrar referências ao local com a descrição de “rio do espírito mau” ou o “rio dos malefícios do diabo”. Quem situa o Anhangá no status de diabo do cristianismo foi, exatamente, o Santo Padre Anchieta, nos textos de seus processos evangelizantes.
Desde já, digo que essa conotação diabólica é injusta. O Anhangá, em muitas etnias, não tem esse viés maligno, muito pelo contrário, ele é lembrado por seu protagonismo na manutenção do equilíbrio na selva, como um protetor dos animais e das matas. Embora amorfo, a forma original do Anhangá é a de um cervo branco, com olhos vermelhos, com uma cruz na testa.
Todos esses personagens são protagonistas de uma São Paulo de 470 anos, que cresceu em cima de camadas incríveis.
Quem é Thiago de Souza?
Thiago de Souza é compositor, roteirista e humorista, fundador do grupo “Os Marcheiros” e idealizador do projeto “O que te Assombra?”. Ele também é o criador do programa de políticas públicas para preservação de patrimônio material e imaterial chamado “saudade e suas vozes” já implementado nas Cidades de Campinas e Piracicaba.
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