Nesse nosso primeiro encontro, escolhi falar sobre um tema que está mais presente do que gostaríamos em nossas vidas: a ansiedade.
Primeiro, é importante entendermos que a ansiedade é uma reação normal diante de determinadas situações, como uma viagem ou uma prova importante. Mas, quando notamos preocupações, medos ou nervosismo intensos, que fogem do nosso normal, é possível que nesse ponto a ansiedade tenha deixado de ser algo natural, e passado a ser algo prejudicial.
É muito comum que, quando já considerada um transtorno, a ansiedade seja uma manifestação desproporcional aos acontecimentos. Em uma crise, por exemplo, uma pessoa pode ter sintomas como taquicardia, enjoos e medo antes de executar tarefas simples e cotidianas, como ir ao supermercado.
Essas sensações diante de pequenas tarefas rotineiras e essenciais para a sobrevivência podem trazer muito sofrimento, pois interferem diretamente na qualidade de vida, no desempenho profissional, nas relações familiares e amorosas e, acima de tudo, no controle que temos sobre nossas ações e pensamentos.
Além dos sintomas que já citei, outros muito comuns são a inquietação, a fadiga, a irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular, palpitações e taquicardia, falta de ar, sudorese excessiva, dor de cabeça constante, formigamentos em partes do corpo e alteração nos hábitos intestinais. É essencial observar quais deles se manifestam durante suas crises de ansiedade, para que, ao conhecer melhor seu transtorno, você possa criar mecanismos para amenizá-los.
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Agora você deve estar se perguntando: como eu devo lidar com a ansiedade quando ela ultrapassa a linha do comum e se torna um transtorno?
O primeiro passo, com toda certeza, é buscar ajuda profissional.
Um psicoterapeuta que te deixe confortável e livre para buscar seu autoconhecimento ajudará muito na forma com que você vai enxergar seu transtorno e como decidirá lidar com ele. Em alguns casos, a terapia pode estar aliada ao uso de medicamentos prescritos por um médico e até contar com a participação de outros profissionais, de forma que a ansiedade seja diagnosticada e tratada da melhor forma para você, considerando suas limitações, inseguranças e particularidades.
Detectada a necessidade de acompanhamento profissional, e o encontro com os profissionais que te proporcionem conforto e segurança, você pode mudar pequenos hábitos de forma que tornem sua caminhada em direção à cura mais leve e prazerosa.
Ter boas noites de sono, ouvir músicas que te tragam conforto e boas lembranças, levar uma rotina mais calma, consumir mais alimentos saudáveis e menos industrializados, reduzir a cafeína e o açúcar, praticar atividades físicas que sejam do seu agrado, meditar, se cobrar menos.
Tudo isso pode ser incluído facilmente no seu dia a dia, e fará muita diferença na maneira como seu tratamento se desenvolve como você busca soluções e no carinho com que você olha para si mesmo.
Cuidar do corpo é tão importante quanto cuidar da mente nesses momentos, afinal, um não funciona bem se o outro estiver enfraquecido.
E, falando em cuidado, um último passo importante é a paciência que você deve ter com o seu processo.
Lidar com a ansiedade é um processo contínuo, que demanda paciência, muita observação e, principalmente respeito aos seus limites. Não é algo que vai se curar da noite para o dia, porque realmente não existe uma fórmula mágica.
Nem sempre é tão difícil.
Com o acompanhamento e tratamento corretos, é muito provável que sua qualidade de vida volte a ser incrível, e que as crises de ansiedade deixem de ser um fato paralisante na sua vida. Mas, como em todo tratamento de transtornos psicológicos, existem dias bons e dias ruins. Momentos em que sentimos a evolução, e momentos em que sentimos que demos um passo para trás.
O meu único conselho é: nunca desista de você!
Sua saúde mental e sua felicidade são importantes demais para que você desista de cuidar delas, mesmo que o caminho pareça longo e os desafios grandes demais. Sofrer de ansiedade, ou de qualquer outro transtorno psicológico, jamais será um demérito ou um defeito.
Todos estamos sujeitos a isso.
Vivemos em um mundo que exige demais da nossa mente e do nosso corpo, e nem sempre nos damos conta de que estamos passando por cima de nossos próprios limites para acompanhar essas exigências que o mundo nos faz.
Rotinas exaustivas de trabalho, pouco lazer, preocupações constantes com prazos, com dinheiro, com uma vida social que não conseguimos ter e a constante cobrança que precisamos dar conta de tudo são grandes gatilhos (e extremamente comuns).
E, pensando em todos eles, podemos parar para refletir.
Será mesmo que essa rotina deve custar minha saúde mental?
Será que é impossível conquistar meus objetivos sem colocar minha saúde à prova?
Uma coisa não precisa anular a outra, você só precisa encontrar o equilíbrio!
– Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Tudo EP.
