No dia 4 de novembro de 1984, em um domingo com temperatura amena, o estádio Brinco de Ouro da Princesa presenciou uma das piores confusões dentro de campo em um dérbi campineiro. O jogo terminou com vitória bugrina por 3 a 1 e foi válido pelo segundo turno do Campeonato Paulista. Mais de 16 mil torcedores estiveram presentes na partida apitada por Roberto Nunes Morgado.
O jogo começou com muita festa dos torcedores de ambas as equipes. Dentro de campo, o Guarani abriu o placar aos oito minutos em dia de Neto. O ex jogador e hoje apresentador cobrou falta com perfeição e viu Sérgio aceitar. A bola passou por debaixo das pernas do goleiro da Macaca.
O mesmo Neto ampliou aos 14 minutos. O ex-meia aproveitou a sobra, após uma bola afastada pela defesa da Ponte Preta, dominou com categoria e acertou um lindo chute de fora da área.
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“Foi o dérbi mais importante da minha vida. O Guarani não vencia a Ponte há cinco anos. Minha família toda estava no estádio. Foi excepcional, fiz dois belos gols. No dia seguinte, sai de bicicleta com um amigo para almoçar e começou a chegar muita gente no estabelecimento. Todos estavam me esperando e eu nem sabia que era famoso. O torcedor bugrino é maravilhoso e esteve presente no dérbi mais importante da minha vida. Foi um dos jogos mais felizes que fiz com a camisa do Guarani. Muitos ídolos de ambos os times não conseguiram fazer um gol em dérbi e eu acabei fazendo dois em apenas uma partida”, disse Neto, em entrevista ao Tudo EP.
Os gols de Neto foram o estopim. Os jogadores da Macaca perderam a cabeça. Sílvio deu um pontapé para parar um ataque do Guarani e foi advertido com cartão amarelo, ocasionando muita reclamação por parte do técnico Carlos Alberto Silva, que avisou ao árbitro que o atleta alvinegro havia recebido o segundo cartão amarelo da partida e não tinha sido expulso.
O jogo, no entanto, continuou, e a torcida entrou na pilha. Uma espécie de bomba caseira foi arremessada no meio de alguns torcedores, atingindo até mesmo crianças, que foram socorridas pelos médicos do local.
“A rivalidade em um dérbi é absurda. Eu estreei em um clássico. É tudo diferente, cobrança, pressão, tudo. Naquela época, usava muitos morteiros e uma criança acabou atingida. Com isso, potencializou tudo, hoje já é mais tranquilo. Eu acho que Guarani e Ponte Preta precisam estar sempre na mesma série, pois é um espetáculo à parte”, afirmou o ex-zagueiro Wilson Gottardo.
Era o começo de uma confusão generalizada. Após nova dividida, Osmar Guarnelli partiu para cima de Gerson e ambos colidiram-se em uma voadora. Alfinete também chegou a ser expulso, ao lado da dupla, na confusão, que ocorreu aos 32 minutos do segundo tempo.
Influenciados pelos atletas, os torcedores invadiram o gramado e também participaram da confusão.
Os torcedores, inclusive, derrubaram um gol reserva que estava atrás do campo de jogo. Pedaços das traves foram vistos nas arquibancadas. A rede também foi toda destruída.
O árbitro paralisou a partida por 15 minutos até que a polícia fosse acionada e desse conta dos envolvidos. Jogadores e torcedores brigavam juntos.
Quando a bola voltou a rolar, o goleiro Wilson saiu chutando um jogador da Ponte Preta, mas viu a bola sobrar limpa para Mauro, que diminuiu aos 55 minutos. No entanto, deu tempo para Chiquinho Carioca, aos 58, confirmar a vitória bugrina. Ele recebeu dentro da área e, com o gol livre, só empurrou.
Confira as escalações do dérbi de 84 vencido pelo Guarani:
Guarani: Wilson; Gilberto, Júlio César, Wilson Gottardo e Zé Mário; Nei, Rubens Feijão e Neto (Júnior); João Paulo (Chiquinho Carioca), Gerson e Banana. Técnico: Carlos Alberto Silva.
Ponte Preta: Sérgio; Alfinete, Osmar Guarnelli, Valdir e Evandro; Régis, Jorge Mendonça e Dicá; Sílvio (Cido), Chicão e Mauro. Técnico: José Luiz Carbone.
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