Nos tempos de constante avanço tecnológico, tenho me deparado com momentos de reflexão sobre como o hype tecnológico pode, de certa forma, interferir em processos bem estabelecidos. Como entusiasta da inovação e da tecnologia, não posso deixar de expressar meu apreço por avanços, mas é crucial analisar como alguns conceitos estruturais estão sendo perdidos no meio do frenesi.
A nova onda de Inteligência Artificial, novas metodologias e ferramentas facilitadoras de codificação tem revolucionado a forma como conduzimos projetos. Contudo, é preciso questionar se, nesse ímpeto, não estamos perdendo de vista conceitos fundamentais. Um exemplo disso é a gestão de projetos ágil, que, em alguns casos, é mal interpretada como uma desculpa para evitar documentação, como se todo o histórico do projeto pudesse ser resumido em um simples SLAC.
O desafio surge quando tentamos explicar a esses profissionais a importância de documentos estruturados. Já ouvi frases como “você é old school”, sugerindo que práticas tradicionais são obsoletas. No entanto, na era do “old school”, os projetos tinham início, meio e fim, com controle rigoroso de alterações de escopo. Mesmo na metodologia ágil, existia um manifesto a ser seguido e hoje como os projetos estão sendo conduzidos?
A realidade é que muitos projetos hoje são entregues sem o básico, resultando em retrabalho para o time de sustentação. Correções de Gaps e implementação de melhorias tornam-se inevitáveis, gerando insatisfação do cliente e estouros de orçamento.
Sim, fazer o básico bem feito é trabalhoso, mas é eficaz. Nossa busca por inovação não deve obscurecer a essência dos processos estruturais que, quando bem executados, garantem resultados sólidos.
Este é um chamado para valorizar o básico, incorporando a inovação de forma aprimorada, sem perder de vista os fundamentos que nos conduzem ao sucesso.
Sejamos entusiastas, mas, acima de tudo, sejamos sábios em nossa jornada tecnológica.
Por Elenice Karina, gerente de TI na Wework | Itshow