Neste sábado (7), insurgentes palestinos na Faixa de Gaza realizaram um ataque sem precedentes no sul de Israel, disparando milhares de projéteis contra o território israelense. Enquanto isso, o grupo Hamas, que governa o enclave, anunciava o início de uma nova operação. Em resposta, Israel atacou alvos em Gaza, preparando o cenário para o que poderia ser uma nova rodada de combates pesados entre os dois ferrenhos inimigos.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que o país está “em guerra” com a “milícia radical”. Essas foram suas primeiras palavras desde o início da ofensiva. Ele ordenou a convocação de reservistas e prometeu que o Hamas “pagará um preço que nunca conheceu antes”.
“Estamos em guerra”, disse Netanyahu. “Não (em) uma operação, não (em) um ataque, mas em guerra”. Ele também ordenou que o exército limpasse as cidades infiltradas de militantes do Hamas que ainda estavam envolvidos em tiroteios com soldados.
Vídeos postados nas redes sociais mostraram o que pareciam ser atiradores palestinos uniformizados dentro da cidade fronteiriça israelense de Sderot. Um vídeo de Gaza mostrou o que parecia ser o corpo sem vida de um soldado israelense pisoteado por uma multidão enfurecida que gritava “Deus é grande”. Outro parecia mostrar insurgentes palestinos arrastando um soldado israelense vivo em uma motocicleta.
Em outra filmagem, uma multidão de homens palestinos dançava ao redor e em cima de um tanque israelense em chamas. A autenticidade dos vídeos não pôde ser verificada imediatamente.
O líder da ala militar do Hamas, Mohammed Deif, anunciou o início do que ele chamou de “Operação Tempestade Al-Aqsa”. “Já chega”, disse Deif em uma mensagem gravada, na qual conclamou os palestinos a participarem da luta. O Hamas disparou mais de 5 mil projéteis contra Israel, acrescentou.
Salah Arouri, um líder exilado do Hamas, disse que a operação foi uma resposta “aos crimes da ocupação” e observou que os combatentes estavam defendendo a mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém e os milhares de prisioneiros palestinos mantidos por Israel.
O exército israelense confirmou a infiltração em várias cidades do sul, perto da fronteira com a Faixa de Gaza, e ordenou que a população ficasse em casa.
“O exército declara estado de alerta de guerra”, disse em um comunicado. “Na última hora, a organização terrorista Hamas iniciou o disparo maciço de projéteis da Faixa de Gaza para o território israelense, e os terroristas se infiltraram no território israelense em vários locais diferentes.”
O Hamas “enfrentará as consequências e a responsabilidade”, acrescentou.
Israel ergueu uma enorme cerca ao longo de sua fronteira com o enclave palestino para impedir a entrada. A cerca é equipada com câmeras, sensores de alta tecnologia e tecnologia de escuta. A incursão dos insurgentes é uma grande conquista para o Hamas.
O som de foguetes cortando o ar podia ser ouvido em Gaza e as sirenes foram ativadas em locais tão distantes quanto Tel Aviv e Jerusalém durante os ataques matinais, que duraram mais de duas horas. A agência de emergência israelense, Magen David Adom, informou que uma mulher de 70 anos sofreu ferimentos graves devido a um foguete que atingiu um prédio no sul de Israel. Em outro ponto, estilhaços de um projétil causaram ferimentos moderados em um homem de 20 anos, acrescentou.
Como os ataques continuaram no centro e no sul de Israel, milhões de israelenses receberam ordens de ficar perto de abrigos antibombas em suas casas. O exército disse que os residentes próximos a Gaza deveriam ficar em casa por causa do “incidente de segurança”.
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HISTÓRICO DO CONFLITO
A ofensiva palestina coincide com semanas de tensões crescentes ao longo da volátil fronteira de Gaza e com fortes combates na Cisjordânia ocupada por Israel.
Israel mantém um bloqueio na Faixa de Gaza desde que o Hamas, um grupo insurgente islâmico que se opõe a Israel, assumiu o controle do território em 2007. Os inimigos ferrenhos travaram quatro guerras desde então. Além disso, houve vários pequenos confrontos entre as tropas israelenses e o Hamas e outros grupos menores no território.
O bloqueio, que restringe a entrada e a saída de pessoas e mercadorias, devastou a economia da Faixa. Israel afirma que é necessário impedir que grupos insurgentes expandam seus arsenais, mas os palestinos argumentam que isso equivale a punição coletiva.
Os disparos de foguetes ocorrem em um momento de fortes combates na Cisjordânia, onde quase 200 palestinos foram mortos em ataques israelenses neste ano. Israel afirma que a maioria dos mortos são insurgentes, mas as baixas também incluem jovens palestinos que lançavam pedras em protesto e pedestres inocentes
Os ataques palestinos contra israelenses causaram a morte de mais de 30 pessoas desde o início do ano.
Israel conquistou a Cisjordânia, bem como Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza, na Guerra dos Seis Dias de 1967.
BRASIL CONVOCA REUNIÃO NA ONU APÓS ATAQUES
O governo brasileiro condenou, neste sábado (7), os ataques de mísseis do Hamas a Israel, que deixaram ao menos 40 mortos e cerca de 800 feridos em solo israelense, e anunciou que vai convocar uma reunião de emergência no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O Brasil exerce ao longo de outubro a presidência rotativa do Conselho de Segurança, em Nova York, e tem a prerrogativa de convocar reuniões de última hora para discutir situações graves de segurança no mundo.
“Na qualidade de Presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil convocará reunião de emergência do órgão”, disse o Ministério das Relações Exteriores, em nota.
O Itamaraty afirmou que a continuidade do conflito em Israel e na Palestina não é uma “alternativa viável” e considerou ser “urgente a retomada de negociações de paz”. O governo brasileiro pediu que os dois lados no confronto evitem a escalada da situação.
“O governo brasileiro reitera seu compromisso com a solução de dois Estados, com Palestina e Israel convivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas. Reafirma, ainda, que a mera gestão do conflito não constitui alternativa viável para o encaminhamento da questão israelo-palestina, sendo urgente a retomada das negociações de paz”, disse o Itamaraty.
Segundo o governo federal, até o momento não há informações de vítimas brasileiras, seja em Israel ou na Palestina.
*Com informações da Associated Press/Agência Estado
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