Em Campo do Meio, cidade localizada no Sul de Minas Gerais, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deu início à reconstrução da Escola Popular Eduardo Galeano no quilombo Campo Grande no domingo (20). A estrutura havia sido demolida em uma ação do Estado, através da Polícia Militar, em 2020.
Segundo o MST, a escola foi construída pelas famílias para garantir acesso à educação de crianças, jovens e adultos no acampamento que existe há mais de 20 anos. Após 56 horas de resistência, a escola e outras estruturas foram demolidas em operação de reintegração de posse.
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Para a mestre em serviço social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Michelle Neves Capuchinho, a reconstrução da escola marca a esperança. “O despejo de 2020 tentou destruir um sonho. Hoje é um dia onde a gente vai comemorar essa grande conquista”, diz.
REINTEGRAÇÃO
No primeiro ano da pandemia da covid-19, em 12 de agosto de 2020, a Polícia Militar de Minas Gerais (PM-MG) cumpriu mandado de reintegração de posse, concedido pelo juiz Roberto Apolinário de Castro. A ação de reintegração de posse previa a desocupação do acampamento e a desativação da Escola Popular Eduardo Galeano que, à época, dava assistência a alunos da rede pública em ensino remoto.
Segundo o MST, o movimento estava no local há 20 anos abrigando 450 famílias e cerca de 2 mil pessoas em um terreno de uma antiga usina. A estratégia para conter a reintegração foi ganhar tempo enquanto o apoio de personalidades e políticos era obtido para reverter a desocupação.
Ainda, um documento assinado pelo Conselho Estadual de Direitos Humanos (Conedh), pela presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil-Seção Minas Gerais (OAB-MG), pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedese) foi enviado ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG) alertando para os riscos da ação em período pandêmico.
A área acabou sendo reintegrada em favor de um empresário que comprou a Usina Ariadnópolis. Ele chegou a fazer um acordo para empregar os acampados com carteira assinada, o que não foi aceito pelo MST. O assentamento continua em Campo do Meio.
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