9 de maio de 2024
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Sustentabilidade

Lixo jogado no mar está relacionado ao câncer em tartarugas-marinhas

Espécies de tartarugas juvenis na costa brasileira apresentam tumores que afetam negativamente seus sentidos; entenda

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Vírus responsável pela doença nas tartarugas é parente do causador de herpes (Foto: Wikimedia Commons)

O lixo que jogamos no mar e leva à poluição marinha tem provocado o surgimento de tumores em tartarugas-verdes (Chelonia mydas), revelou estudo publicado na revista PLOS One. Ainda que, neste momento, as protuberâncias sejam benignas, elas afetam negativamente aspectos da locomoção, visão, alimentação e reprodução desses animais juvenis na costa brasileira.

Estes tumores indicam a doença fibropapilotomose, cujo vírus causador é ChHV5 (Chelonid herpesvirus 5), familiar do que provoca herpes na boca e genitálias de humanos.

Com aspecto de verruga, nas tartarugas os tumores surgem onde há pele, mas também podem ser encontrados dentro da boca ou órgãos internos delas. (leia mais abaixo)

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Pesquisa

Os autores do estudo analisaram dados de 400 quilômetros da costa do Espírito Santo. O litoral capixaba é uma área importante para busca de alimentos de tartarugas-verdes que ainda não atingiram o amadurecimento sexual completo. Em geral, os tumores atingem as tartarugas de cinco a seis anos, que ainda não começaram a se reproduzir.

Os casos de fibropapilomatose caem gradualmente à medida em que as tartarugas ficam mais velhas. Isso pode estar relacionado com o desenvolvimento de uma resistência a ou mesmo a morte dos indivíduos afetados pelos tumores.

De acordo com o estudo, a fibropapilomatose e outros fatores, como pesca predatória e degradação do habitat, ameaçam essas espécies de extinção. Os pesquisadores observaram que, próximo ao litoral e às praias, a prevalência da doença era maior do que nos arredores de ilhas oceânicas, que são mais limpas.

Na costa capixaba, o estudo encontrou os tumores em quase 41% da amostra, composta apenas por tartarugas-verdes juvenis. Esses répteis podem desenvolver até 300 tumores, cujos diâmetros podem medir até 40 centímetros.

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“O animal não morre por conta dessa infecção do vírus. Não é uma doença que vira câncer. Ele pode morrer ao ficar preso em uma rede por conta dos tumores e se afogar. Pode deixar de se alimentar porque não enxerga ou tem um tumor na boca”, exemplifica a professora aposentada da Faculdade de Medicina Veterinária de Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP) e uma das autoras do estudo, Eliana Reiko Matushima.

*Com informações de Agência Estado

**Sob supervisão de Marcos Andrade

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Janaína Boaventura
Estagiária no Tudo EP e nA Cidade ON, é graduanda em Estudos Literários pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Adentrou no Grupo EP em 2024 e atua nos conteúdos digitais, enfaticamente com a parte textual.
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