Quanto mais cedo uma pessoa desenvolve o diabetes tipo 2, menor será a sua expectativa de vida. A cada década que alguém antecipa o diagnóstico, perde de três a quatro anos. Portanto, como a doença está associada ao estilo de vida, é essencial controlar os fatores de risco para prevenir ou, pelo menos, retardar ao máximo o seu aparecimento. O alerta vem de um novo estudo publicado no The Lancet, realizado pelo Emerging Risk Factors Collaboration, um consórcio que reúne várias pesquisas sobre fatores de risco cardiovascular e é coordenado pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Embora já fosse conhecido que a doença impacta a longevidade, os pesquisadores buscaram apresentar estimativas confiáveis da relação entre a idade do diagnóstico e a mortalidade. Para isso, analisaram dados de 97 grupos de pacientes envolvendo mais de 1,5 milhão de pessoas em 19 países. Um dos critérios de inclusão era ter recebido o diagnóstico na idade adulta, para eliminar a possibilidade de se tratar de diabetes tipo 1, que possui características distintas e cujo surgimento não está relacionado ao estilo de vida.
Os cientistas observaram uma associação proporcional entre idade precoce de diagnóstico de diabetes tipo 2 e um maior risco de mortalidade em comparação com aqueles que não têm a doença, tanto em homens quanto em mulheres. As principais associações foram encontradas em problemas vasculares, como infarto e AVC (Acidente Vascular Cerebral), além de doenças respiratórias e neurológicas.
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O cenário é preocupante porque a incidência da doença vem crescendo em jovens no mundo todo. Um estudo recente, publicado no British Medical Journal, mostrou que ela aumentou 56% na faixa dos 15 aos 39 anos entre 1990 e 2019. Um dos principais fatores de risco foi o alto IMC (Índice de Massa Corporal).
“Quanto maior o tempo de exposição a altos níveis de glicose, maior o risco de complicações”, diz o endocrinologista Simão Lottenberg, do Hospital Israelita Albert Einstein. A longo prazo, o diabetes causa tanto lesões macrovasculares, que aumentam o risco de infartos e derrames, quanto lesões microvasculares. Nos pequenos vasos sanguíneos, os níveis elevados de glicemia podem resultar em doença renal, afetar a retina o que pode levar à cegueira – e provocar neuropatia, uma condição que afeta o funcionamento dos nervos periféricos, podendo afetar tanto a sensibilidade quanto a motricidade.
O médico explica que quanto mais se retardar – ou até mesmo evitar – o aparecimento do diabetes, melhor. Isso porque temos a chamada memória metabólica, que eleva progressivamente o risco para o desenvolvimento de complicações. Se a pessoa passar muitos anos sem tratamento, mesmo as melhores terapias acabam tendo um efeito limitado.
“O novo estudo demonstra algo que já imaginamos e ressalta a importância de identificar precocemente os fatores de risco e tratá-los corretamente”, diz Lottenberg. Ele ressalta que quem tem um quadro de pré-diabetes, ou seja, tem alterações na glicemia que indicam maior risco de desenvolver a doença, já pode ter comprometimentos como alterações no colesterol e hipertensão.
“Essas pessoas precisam já começar a tratar a obesidade, a hipertensão, fazer atividade física, controlar alimentação, por exemplo”, diz o médico. Vale lembrar que a obesidade é uma doença que precisa ser tratada, se preciso com medicação, pois é fator de risco para inúmeras outras doenças, não apenas o diabetes.
*Com informações da Agência Einstein
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