Os impactos da insegurança social à cidade
Para essa semana o time do Multipli_Cidade apresenta olhares a respeito da insegurança na cidade

De fato, a vida cotidiana e a cidade mudam em razão do medo, refletindo nas conversas diárias em que o crime torna-se o tema central. A ansiedade pela segurança passa ser explorada abertamente por alguns setores no mercado, principalmente com o crescimento das firmas de vigilâncias particulares e com os setores imobiliários, cujos anúncios priorizam sobremaneira à segurança em detrimento do conforto habitacional. Assim, a opção estratégica dos citadinos é a de se retraírem em espaços cada vez mais segregados, fechados dentro de uma realidade que não vai além dos altos muros equipados de cercas eletrificadas, tolhendo seus movimentos e seu universo de interação. Esse movimento favorece a agenda política populista que, com suas soluções fáceis e imediatas, oferecem uma resposta emotiva ao problema da criminalidade e resumem a segurança pública em medidas cada vez mais punitivas.
Conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Araraquara é uma das cidades menos violentas do Estado, e, embora os índices de roubos e furtos tenham se mantido com baixa variação e até diminuído nos últimos anos, a sensação é de insegurança e medo, haja vista os casos de mortes violentas amplamente divulgados pela mídia. Essa percepção, mais do que resultado de um aumento dos casos de violência criminal, decorre de uma forma de representação e de discursos sobre a realidade que envolvem a violência e o crime na construção de uma lógica de medo e insegurança. A cultura do medo, ao invés de ser resultado do aumento real de crimes violentos praticados, é fonte de outros problemas para a sociedade como a descrença no poder público e a supervalorização de uma lógica de aprisionamento voluntário por parte do cidadão comum.