Por: Marina Fávaro
Amanhã, o EP Agro vai mostrar como é fabricado o biodiesel feito com soja. O óleo extraído do grão passa por diversos processos até virar combustível, e as sobras desses processos também têm valor comercial. É o caso da glicerina, extraída durante a transesterificação. Estudos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/ USP), indicam que pelo menos 10% dos produtos do processo de transesterificação resultam em glicerina.
O biodiesel é um combustível renovável, e a glicerina, por sua vez, é um composto orgânico que pertence ao grupo dos álcoois. A glicerina é composta por glicerol, álcool, soda cáustica e pequenas quantidades de impurezas, mas, a partir do momento em que é purificada, passa a ter elevado valor agregado. O mesmo estudo da Esalq/ USP indica quais podem ser os possíveis usos desse produto, os quais destacamos a seguir.
Atualmente, as indústrias cosmética, farmacêutica e de limpeza mobilizam o mercado da glicerina em escala global. Isso porque ela possui propriedades umectantes (característica que preserva a umidade), lubrificantes e solvente, além de não causar irritações. É utilizada na composição de cremes, sabonetes, maquiagem, cremes dentais e enxaguantes bucais. Na indústria farmacêutica, por sua vez, é utilizada na fabricação de cápsulas, medicamentos (em especial, xaropes para tosse, já que a glicerina pode atuar como um agente adoçante) e produtos cirúrgicos.
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No setor de alimentos e bebidas, a glicerina pode conferir plasticidade às sobremesas à base de gelatina, balas e gomas. Também é um eficiente inibidor da cristalização de açúcares, sendo, portanto, utilizada na fabricação de sorvetes. A glicerina pode prolongar a vida útil de alimentos, já que tem o poder de reter umidade e de prevenir o ressecamento. Ainda pode ser utilizada em produtos com calorias reduzidas e em bebidas para esportistas pela sua fácil digestão.
Por se tratar de uma substância glucogênica (responsável por fornecer energia durante a realização do trabalho muscular), a glicerina pode ser utilizada na formulação de rações animais, de forma a substituir parte dos carboidratos das dietas sem afetar a saúde e o desempenho. Em vacas leiteiras de alta produção, a glicerina presente na formulação das rações está associada à prevenção da cetose (um problema que ocorre no início da lactação quando o apetite da vaca diminui, fazendo com que ela consuma menos do que necessita para se manter).
A glicerina também é utilizada pela indústria do tabaco, já que preserva a umidade, e na fabricação de películas de celofane e de explosivos com base na trinitroglicerina, além de servir como fonte de carbono em processos fermentativos.
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*Com supervisão de Marcelo Ferri