*Por: Marina Fávaro
Assim que os caminhões chegam às usinas, amostras de cana-de-açúcar são analisadas em laboratório para verificar a quantidade de ATR (Açúcar Total Recuperável). Esse é um indicador que representa a quantidade total de açúcares da cana, ou seja, a sacarose, a glicose e a frutose presentes no alimento. O índice de ATR é um dos fatores que determinam a qualidade da cana.
A diretora de operações agroindustriais da Raízen Fabiana Barrocal Silva Carriel explica que “a quantificação do açúcar é importante para medir o rendimento industrial, ou seja, o quanto de açúcar tem na cana e o quanto realmente será convertido em produto”. É um índice que indica a capacidade de transformar a matéria-prima nos principais subprodutos: etanol e açúcar.
A área técnica da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) afirma que o índice de ATR não tem qualquer influência sobre a qualidade do produto final, ou seja, do açúcar ou do etanol. “O ATR irá interferir na quantidade de sacarose presente no caldo, de modo que quanto mais rico for o caldo, melhor a eficiência industrial e maior a quantidade de produto fabricado”, destacou a área técnica.
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Doenças e pragas afetam o índice de ATR. É o caso da broca da cana (diatraea saccharalis); bicudo da cana (sphenophorus levis); cigarrinhas das raízes (mahanarva fimbriolata); ferrugem marrom (puccinia melanocephala), ferrugem alaranjada (pulccinia kuehnii) e podridão vermelha (colletotricum falcatum). Medidas de controle, como o uso de variedades resistentes, manejo integrado de pragas e práticas culturais adequadas são essenciais para minimizar os impactos e garantir, sobretudo, a produtividade e qualidade da cana.
Outro fator que interfere no índice de ATR é a condição climática em que a lavoura é submetida ao longo do processo de crescimento e maturação das plantas. “Nas semanas que precedem sua colheita, um clima seco e com amplitude de temperatura contribui para o aumento da concentração de ATR na planta. Tal condição torna a estação de inverno, dos estados do Centro-Sul do Brasil, bastante adequada para a colheita de uma lavoura com altas concentrações de ATR”, afirmou a UNICA.
Fabiana pontua que o ATR é decisivo para a rentabilidade do produtor rural, porque se converterá no valor pago a eles. “É a quantidade de cana entregue em toneladas, mas também a qualidade, que pode ser determinada pelo ATR, por exemplo”, contou a diretora de operações agroindustriais.
A área técnica da UNICA explica que a remuneração do agricultor de cana por meio do índice de ART começou somente a partir de 1990: antes, o pagamento ocorria, majoritariamente, com base na quantidade de biomassa (peso). “É que apenas os açúcares contidos na planta são relevantes para fins da produção de açúcar e etanol. A migração para o uso do ATR teve por finalidade remunerar os produtores de forma mais meritocrática ao premiar aqueles que fornecem o verdadeiro insumo dessa indústria: sacarose, frutose e glicose”, concluiu.
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*Com supervisão de Marcelo Ferri