Agrishow, maior evento do agronegócio brasileiro, abrirá suas portas em 2024 sem público. Esta é a primeira vez que isso acontece em 30 anos. A feira agrícola acontecerá entre os dias 29 e 3 de maio, em Ribeirão Preto (SP). A solenidade de abertura, por sua vez, acontece em 28 de abril e é exclusiva a expositores, autoridades e imprensa.
Esta alteração acontece um ano depois de Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dizer que foi desconvidado para Agrishow porque o ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), participaria dela. Na ocasião, a abertura do evento acabou sendo cancelada e a Secretaria de Comunicação da Presidência classificou o ocorrido como “descortesia”. A Secretaria também chegou a dizer que o Banco do Brasil, patrocinador do evento, retiraria o apoio financeiro da feira, mas isso não se concretizou.
Dado o contexto, a Agrishow publicou uma nota, que nega ligação entre a programação deste ano e o ocorrido em 2023. Segundo a organização “haveria um grande ganho para todos com a realização (da abertura) fora do funcionamento normal da feira”.
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Caso
Segundo interlocutores ouvidos à época pelo Estadão/Broadcast, Francisco Maturro, então presidente da Agrishow, ligou para Fávaro e sugeriu que a presença no mesmo dia de Bolsonaro e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), no local causaria constrangimento aos presentes. O posicionamento do governo em relação ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que estava em discussão pela instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), também foi citado como um potencial de embaraços.
“Fui desconvidado, mas desejo sucesso, que façam bons negócios, que levem oportunidades aos produtores. No momento propício, se ainda for ministro, quando convidarem, faço questão de estar lá em outras edições”, afirmou o ministro na ocasião. A Agrishow reiterou, por meio dos canais oficiais, que o convite estava mantido.
O episódio provocou críticas de Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência, à organização da feira. “Descortesia e mudança de caráter de um evento institucional de promoção do agronegócio para um evento de características políticas e ideológicas”, disse Pimenta na época.
“Ou é uma feira de negócios plural e apartidária ou não pode ter patrocínio público”, afirmou o titular da Secom, referindo-se ao apoio do Banco do Brasil ao evento. Mas o banco público não retirou o patrocínio, afirmando que manteria a “atuação comercial” no evento.
Fávaro não foi à Agrishow em 2023. Jair Bolsonaro esteve no evento e foi recebido por afagos de “Mito” e gritos de “Lula ladrão”. O ex-presidente estava acompanhado de Tarcísio de Freitas e discursou no local.
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