Dias de calor, garrafinha dágua e chapéu: bem-vindo à primeira semana da primavera deste ano. A estação das flores deste ano começou com elevadas temperaturas por conta do El Niño, fenômeno climático que potencializa fenômenos extremos em escala global. Fato é que tanto a agricultura quanto a pecuária são atividades de extrema sensibilidade às mudanças climáticas. Sabendo disso, como ficam as produções agrícolas e a vida dos produtores rurais?
De modo geral, as altas temperaturas podem provocar a queima das folhas, prejudicar o crescimento das plantas e agravar o déficit hídrico das produções agrícolas. Além disso, as alterações nos padrões de temperatura e chuva podem criar um ambiente favorável para a proliferação de pragas e doenças, o que pode afetar negativamente a produtividade das plantações. Na pecuária, as elevadas temperaturas também podem afetar a saúde e bem-estar dos animais.
Apesar de o calor extremo influenciar de modo semelhante as culturas agrícolas da região, existem algumas particularidades que devem ser mencionadas. A agrometeorologista Ludmila Bardin Camparotto afirmou que “a primavera deste ano tem como característica temperaturas elevadas e a florada de cítricos e café merecem atenção, já que pode existir o abortamento floral, prejudicando a produtividade”.
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Em relação à laranja, como ela está em período de floração, as elevadas temperaturas podem provocar o abortamento floral. O stress térmico também provoca a perda das estruturas reprodutivas, o aumento acentuado da fotorrespiração (processo em que há a absorção de luz associada à liberação de dióxido de carbono) e a perda da eficiência fotossintética dos citros. As folhas também podem apresentar alteração no padrão de nervuras bem como aspecto distorcido e coloração amarronzada.
Assim como no caso da laranja, as elevadas temperaturas podem provocar o abortamento das flores do café. As plantas também podem apresentar desfolha, ramos secos, deficiência nutricional, pragas e murchamento. Sobre as hortaliças, a elevada perda de água, por meio da evapotranspiração, ocasiona a murcha das plantas. O morango, além de ficar menor, há o encurtamento do ciclo.
Quando falamos sobre o milho, há o enrolamento das folhas e o encurtamento do ciclo. Há também o fechamento dos estômatos (estruturas presentes nas plantas que garantem as trocas gasosas), o que altera o balanço energético das plantas, causando o envelhecimento ou morte da área foliar. Além disso, as elevadas temperaturas podem comprometer o rendimento dos grãos do milho.
Já nas plantações de amendoim, aumenta a ocorrência de doenças na parte aérea, destacando-se a mancha castanha e preta. Em relação à cana-de-açúcar, a planta também sofre stress térmico, podendo até mesmo ter crescimento nulo.
*Sob supervisão de Patrícia Neves
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