O futuro da produção global de café está ameaçado por causa da mudança climática, já que as condições extremas do clima e o aumento das temperaturas podem afetar a qualidade da safra e reduzir a produtividade. Por causa disso, cientistas brasileiros estão tentando desenvolver um grão de café resistente à seca, resiliente ao calor e tolerante às mudanças climáticas.
No exterior, uma equipe da Universidade “Southern Cross University”, sediada em Nova Gales do Sul, na Austrália, tenta identificar genes associados ao aumento da tolerância ao calor, à seca e a outras condições climáticas, usando técnicas de engenharia genética. O projeto é financiado pelo governo local e não realizado com o fomento governamental, sem fins lucrativos.
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Os especialistas em produção agrícola, solos e genética, alteram os genes em variedades de plantas de café já existentes para aumentar sua capacidade de resistir a condições climáticas adversas e flutuações de temperatura. Além disso, a equipe também está explorando outras tecnologias, como interferência de RNA, para aumentar a resistência natural da planta às mudanças climáticas. Se for bem-sucedida, esta pesquisa poderá ajudar a garantir a sustentabilidade a longo prazo da produção de café e evitar a perda generalizada de colheitas devido à mudança climática.
O pesquisador Tobias Kretzschmar, diz que o estudo está sendo desenvolvido em 23 países, e os experimentos são feitos com 25 variedades de café em várias regiões do globo, muitos da América Latina, Vietnã, Indonésia e da África, como comparação das variedades mais resistentes. “O estudo tem por objetivo uma visão global de café, encontrando variedades que sejam fortes e apropriadas em quaisquer ambientes. A seca e geada no Brasil, por exemplo, foram fatores-chave para elevar os preços do café em 2021, chegando ao maior patamar em 10 anos”, frisa.
Ainda segundo o pesquisador, a origem do estudo se deu devido informações recentes do Instituto do Meio Ambiente de Estocolmo que aponta as alterações climáticas como poderão ser responsáveis por eliminar 45% do café arábica no mundo, o que seria devastador para o setor, sendo que “125 milhões de pessoas tem como subsistência a produção de café”.
A busca da pesquisa, portanto, é pelo fortalecimento genético perpétuo da planta, enquanto, por outro lado, a maioria das pesquisas buscam questões para aumentar a qualidade do café em todo processo.
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