19 de maio de 2024
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EP Agro

Radiação ultravioleta é capaz de controlar a podridão azeda em laranja-lima

Estudo da Embrapa, em parceria com a Unicamp, aponta que patógeno, que apodrece a fruta, é sensível à radiação

A podridão azeda da laranja-lima pode ser controlado com eficiência por doses adequadas de UVC (radiação ultravioleta C). Esse apodrecimento é causado por um fungo e essa doença é a segunda que mais acomete a fruta após a colheita. A descoberta do novo tratamento veio de estudos conduzidos pela Embrapa Meio Ambiente e pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Durante uma pesquisa que visou identificar o fungo causador do problema, os pesquisadores identificaram o tratamento por UVC, que apresentou a vantagem de resultar em frutas com maior firmeza, não alterar as suas características físico-químicas, e retardar o processo de amadurecimento.

A partir do isolamento do microrganismo, os cientistas confirmaram que o patógeno é o Geotrichum citri-aurantii. “É importante essa identificação, pois fornece informações importantes sobre as características do patógeno, auxiliando a propor o melhor método para controle da doença”, esclarece a engenheira ambiental Adriane Maria da Silva, que realizou a pesquisa em seu mestrado pela Unicamp. 

 

 

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FUNGOS DA LARANJA

Os fungos são os maiores causadores de doenças pós-colheita em frutas cítricas. Isso ocorre porque o pH ácido dessas frutas proporciona um ambiente propício para o desenvolvimento do microrganismo. O principal local de infecção são os ferimentos e aberturas naturais na casca da fruta. Nessas brechas costumam se instalar, especialmente, o bolor verde, o bolor azul e a podridão azeda. Os fungicidas utilizados (tiabendazol e imazalil) não têm apresentado controle eficaz específico da podridão azeda, o que deixa essa doença sem um produto para controlá-la.

Além disso, os cientistas alertam que o uso frequente dessas substâncias químicas pode causar impactos negativos à saúde humana e ao meio ambiente, além de contribuir para o desenvolvimento de patógenos resistentes às moléculas usadas. “Portanto, é crucial estimular o desenvolvimento e a comercialização de tecnologias alternativas e sustentáveis ao uso de agroquímicos”, defende o pesquisador da Embrapa, Daniel Terao, coorientador de Silva.

Para Terao, a descoberta abre caminho ao desenvolvimento de métodos de controle alternativos mais sustentáveis por não fazerem uso de químicos. “Isso também torna a fruta nacional apta a ser exportada para mercados internacionais que restringem o uso de químicos, como o europeu, por exemplo”, ressalta Terao.

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TRATAMENTOS UVC E HIDROTÉRMICOS

Silva estudou dois métodos de controle da podridão azeda: o tratamento hidrotérmico e a exposição à radiação UVC. Ela verificou nos estudos que o patógeno é resistente às altas temperaturas e que ele só tem sua ação inibida a partir de 62°C. Por outro lado, os estudos do efeito da radiação UVC revelaram que a inibição na germinação de esporos ocorre em dose muito baixa, e chega a ser completamente inibida na dose adequada, demonstrando serem bastante sensíveis à radiação.

Na avaliação do efeito da temperatura combinada com radiação UVC na germinação de esporos, o nível de exposição térmica por 35 segundos a 62°C, combinado com a dose adequada em radiação UVC, inibiu completamente a germinação de esporos de G. citri-aurantii.

Em estudos anteriores, Terao constatou que os tratamentos combinados envolvendo várias tecnologias podem proporcionar uma inibição sinérgica de microrganismos. “Observei que, combinando o tratamento hidrotérmico e a radiação UVC, houve um melhor controle do bolor verde em laranja pera”, relata.

O QUE É PODRIDÃO AZEDA DA LARANJA?

A podridão azeda foi detectada pela primeira vez na Califórnia, nos Estados Unidos, em 1976, e a sua incidência tem aumentado nos últimos anos, principalmente em estações chuvosas.

Os maiores prejuízos têm sido observados em remessas de frutas na exportação, uma vez que os importadores, além de rejeitarem o produto, cobram do produtor os custos do transporte e da incineração da carga. O incidente ainda repercute negativamente na imagem e credibilidade do produtor.

Nos frutos ocorrem, inicialmente, lesões umedecidas, brilhantes e de coloração marrom-clara. Em seguida, enzimas extracelulares produzidas pelo fungo degradam a casca e as vesículas de suco, formando, no local, uma massa aquosa. Sob condições de elevada temperatura e umidade relativa do ar, forma-se, na epiderme do fruto, um mofo branco e enrugado. Em decorrência, ocorre uma podridão amarga ou azeda, com forte odor pútrido, que atrai insetos, como a mosca-do-vinagre, que depositam seus ovos nos tecidos decompostos dos frutos afetados, os quais, em pouco tempo, estão repletos de larvas e de mosquitos (informações Embrapa Clima Temperado).

Silva confirmou em sua pesquisa que a maior perda causada pela podridão azeda ocorre durante o período chuvoso no estado de São Paulo, podendo atingir até um quinto do produto colhido. Com a predominância de chuvas durante o verão, as infecções aumentam consideravelmente devido às condições ambientais de temperatura e umidade relativa, que favorecem o ataque e a multiplicação do fungo.

PRODUÇÃO NACIONAL

O Brasil é o maior produtor de laranja. Na safra de 2019, foram colhidas cerca de 17 milhões de toneladas em uma área de 590 mil hectares, com valor de R$ 9 milhões. A produção mais expressiva é a do estado de São Paulo, com cerca de 13 milhões de toneladas anuais, de acordo com o Anuário Brasileiro de Horti e Fruti de 2021.

A do tipo lima foi a segunda variedade de laranja mais comercializada na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), em 2019, sendo encontrada em todos os meses do ano, porém, com maior oferta de julho a outubro. Na família das laranjas, a lima ocupa o terceiro lugar na concentração de vitamina C, atrás das variedades natal e baía. Com origem no sudeste asiático, a lima é uma espécie grande, adocicada, com baixa acidez e muitos nutrientes. (Com informações da Agência Embrapa). 

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Marcos André Andrade
Marcos André Andrade é formado em jornalismo pela Unesp e pós-graduado em Gestão da Comunicação em Mídias Digitais pelo Senac. No Grupo EP desde 2022, é editor do Tudo EP e foi repórter do acidade on Campinas. Tem passagens pela Band Campinas, Rádio Bandeirantes de Campinas e Rádio Band News de Campinas, onde desempenhou as funções de âncora, editor, produtor e repórter.
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