13 de dezembro de 2024
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Educa mais cast

Leitoras desde o berço

Para crianças de 0 a 6 anos, a prática da leitura compartilhada ajuda no desenvolvimento das múltiplas linguagens

A comunicação é uma habilidade inata do ser humano. Isto é: todos os bebês já nascem com a potencialidade de experimentar diferentes códigos, como as linguagens verbal, visual e gestual. Por causa disso, durante o período de desenvolvimento, especialmente entre 0 e 6 anos, é muito importante que a criança tenha contato com estímulos variados e a literatura, que congrega diferentes linguagens através de palavras, imagens, cores e formas na página, é uma rica oportunidade para explorar os sentidos.

De acordo com a pesquisadora da literatura de infância, Juliana Pádua, doutora em Letras, ler com os pequenos é uma porta de entrada para as linguagens por meio da escuta e da observação do adulto. “Embora o bebê ainda não compreenda os sentidos das palavras, ele recebe outros estímulos. Existe a voz, o ritmo, o volume, a sonoridade. Essa observação é o embrião da competência leitora”, aponta.

O próprio corpo do livro pode ser usado na experiência. Existe o receio comum de entregar o objeto à criança pequena, que pode rasgar, morder ou babar nas páginas mas isso não é ruim, desmistifica a pesquisadora. “A criança experimenta o livro como experimenta o mundo, ou seja, com todos os sentidos. Esse primeiro contato é importante pelo pacto que se constrói entre ela e o livro: o sentido do olhar, da esquerda para a direita, a forma de virar as páginas, a relação entre imagem e texto. É mais proveitoso ensinar que o livro se manuseia com delicadeza e cuidado que impedir seu acesso”.

Para a alegria de pais, mães e educadores, hoje há uma infinidade de obras literárias para infâncias de todas as idades, de 0 a 100 anos ou “todo mundo que está em estado de infância”. Inclusive, o termo literatura de infância tem sido mais usado, pois alguns pesquisadores acreditam haver uma conotação negativa, de algo menos fértil ou desafiador, no termo “literatura infantil”.

Dos livros com cantigas de ninar, que brincam com a sonoridade das palavras, até os livros-objeto, existem opções de todos os tipos. Para os leitores famintos, que gostam de instigar seus leitores mirins, já há clubes de assinatura especializados que oferecem uma curadoria diversa ao custo de uma mensalidade fixa, com o benefício de receber as obras em casa.

A literatura de infância é uma grande provocadora

Crédito: Freepik

Na literatura adulta, é convencionado entre leitores e autores que a riqueza de uma narrativa está para as possibilidades de interpretação que ela permite. Um bom livro não entrega tudo: deixa margem para que o leitor imagine, projete, preencha suas lacunas. Mas o que é um bom livro para crianças?

De acordo com Juliana, a presença de uma narrativa e jogos com a linguagem são primordiais. “Uma coisa é um brinquedo literário, como são os livros que têm apenas figuras de objetos ou animais, por exemplo, com o nome logo abaixo. Mas a literatura é outra coisa. Permite a percepção da ambiguidade, brinca com significados, explora diferentes interpretações. A literatura para crianças também precisa convocar para refletir”.

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