Nascido na zona rural de São Paulo, José Donizete Rodrigues precisou interromper seus estudos quando tinha apenas 13 anos. Em determinado momento, ele, que ajudava os pais na roça desde pequeno, foi forçado a escolher entre continuar frequentando as aulas ou colaborar mais com o sustento da casa. “Em São Paulo, a vida é muito difícil e cara. Naquela época, era comum os próprios pais tirarem a gente da escola para trabalhar. Mas eu tinha esse sonho de voltar a estudar”, conta Donizete, hoje com 58 anos.
Em 2020, ele decidiu retomar os estudos por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), no polo da Escola Municipal de Ensino Básico (EMEB) “Professora Dalila Galli”, localizado no Jardim Jockei Club, em São Carlos.
Questionado sobre o que mudou desde que retomou os estudos, ele não pestaneja. “A autoestima aumenta. Eu não pegava em livro para ler, agora faço isso. E os professores estimulam muito a gente a continuar”, afirma Donizete.
Um direito dele e de todos
Além do ensino gratuito, a EJA fornece material didático e alimentação aos estudantes todos direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988 a crianças, jovens e adultos. Dessa forma, atende parcela relevante dos alunos representados por pessoas de baixa renda que trabalham, têm filhos ou família e, assim, precisam se dividir entre a escola e outras responsabilidades.
“Tem muitos jovens que querem estudar, mas não conseguem por falta de transporte ou dinheiro para a condução. Aí eles vão dois ou três dias e acabam desistindo. A escola e os professores fazem de tudo para que eles voltem, até organizar carona. Mas a prefeitura precisa dar esse suporte para que consigam permanecer até pegar o diploma”, opina Donizete, destacando que todo suporte é bem-vindo e fundamental para a continuidade da jornada escolar.