A Loira do Banheiro talvez seja a protagonista da história de fantasma mais conhecida do universo sobrenatural. Ela tem inúmeras variações, adaptações e, provavelmente, influenciou histórias de fantasmas de outros países, sendo confundida com a versão genérica americana “a Blood Mary”.
O que pouca gente sabe é que esse fantasma tem CPF, RG e sua vida é relacionada com personalidades marcantes da história do Brasil. Na verdade, a Loira do Banheiro se chama: Maria Augusta de Oliveira Borges
Nascida em 01 de janeiro de 1865, Maria Augusta era filha do Visconde de Guaratinguetá Francisco de Assis de Oliveira Borges e de Amélia Augusta Cazal, Viscondessa de Guaratinguetá.
Aos 14 anos, o destino de Maria Augusta deu uma guinada definitiva, uma vez que ela foi obrigada a se casar. Na época, quem negociou o tal casamento arranjado foi Conde D´Eu, o marido da Princesa Isabel.
Veja que ironia… O Marido da Princesa signatária da lei áurea, prendeu Maria Augusta nos grilhões de um casamento sem consentimento. O escolhido, ou melhor, o escolhedor foi o Doutor Francisco Antônio Dutra Rodrigues, o Conselheiro Dutra.
O noivo era um prestigiado jurista de 34 anos, que logo se tornou uma liderança política, alcançando o status de “Presidente da Província” de São Paulo, o que hoje corresponderia ao cargo de governador do estado.
Sim, a Loira do Banheiro foi casada com o Governador do Estado de São Paulo. O casamento compulsório ocorreu em primeiro de abril de 1879, mas durou pouco mais de 3 anos.
Após a morte de seu pai, Maria Augusta, rouba suas próprias jóias (contém ironia) e foge para a França para se livrar das obrigações conjugais. Em 1886, ela volta ao Brasil para a anulação do casamento com o Conselheiro Dutra, mas não demora a retornar à terra do croissant.
Ocorre que o destino não lhe foi parceiro em sua nova empreitada e a jovem morreu em abril de 189, aos 26 anos, após contrair uma doença, que alguns sugerem ter sido raiva animal.
Raiva animal, não raiva da sua família que a obrigou a casar com 14 anos.
Com a morte, seu corpo foi embalsamado e despachado para Guaratinguetá. Mas, por determinação da mãe de Maria Augusta, o cadáver foi exposto em um aposento da suntuosa casa dos viscondes de Guaratinguetá, envolto em uma redoma de vidro.
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O início da história sobrenatural
Depois de um tempo grande de exposição, a mãe de Maria Augusta sonha com a Loira, que pede para ser sepultada.
Eu ainda escutei algumas histórias que, durante este período, houveram alguns relatos de aparições de Maria Augusta, sempre pedindo água, dentro do cercado que ela se encontrava exposta.
Segundo consta, a raiva dá muita sede e, nessas aparições, Maria Augusta pedia água para as testemunhas de suas materializações.
Fato é que a mãe, depois do tal sonho, providenciou uma capela no cemitério Senhor dos Passos em Guaratinguetá, para seu efetivo descanso eterno, que na verdade, nunca aconteceu.
Outro fato relevante para compreender a centenária história é que a Mansão dos Viscondes foi vendida ao Estado e se tornou uma Escola Estadual. E é nessa escola que Maria Augusta alcança seu mais ostentoso título sobrenatural: A assombração mais famosa do Brasil.
A primeira situação paranormal relacionada à Maria Augusta foi um misterioso incêndio em 1916 na escola, que inaugurou o início das histórias da moça.
Mas a história mais impactante, e definidora de sua fama, ocorreu na ocasião em que alunos que fugiram da aula e se refugiaram no anfiteatro da escola, se viram trancados no espaço, em meio à ausência plena de Luz. A escuridão foi rompida por uma luz fraca que ascendeu perto de um piano, supostamente de Maria Augusta, que começou a tocar sozinho (ou nem tanto).
Os alunos aterrorizados começaram a gritar até serem salvos por funcionários da escola. Mas, o piano de Maria Augusta voltaria a tocar misteriosamente diante de outras testemunhas ao longo dos anos.
Diante dos inúmeros casos de aparições de Maria Augusta e a negativa de professores e funcionários em trabalharem na escola, depois do sol se pôr, o diretor convocou uma reunião para colocar um fim ao assunto, que ele chamava de superstição boba.
Iniciada a reunião e a primeira bronca do diretor nos funcionários medrosos, uma luminária despencou na mesa do homem, pondo fim a reunião e ao ceticismo do Gestor da Escola.
Maria Augusta gostava de reuniões acadêmicas e outro exemplo disso é que, em uma reunião de planejamento pedagógico de final de ano, os docentes reunidos na sala dos professores, começaram a ouvir passos na escada, como se alguém estivesse indo participar da conversa. Mas ninguém chegou.
Acreditem ou não nas histórias acima, é inegável que a Loira do banheiro ganhou muita fama, aparecendo em toaletes de escolas de todo o Brasil, de vestido branco, algodão no nariz e aspecto cadavérico.
E, talvez, a razão dessa fama seja sua disponibilidade em aparecer após se invocada, com um ritual relativamente simples:
Anota aí:
Ela pode ser evocada em qualquer ocasião, mas em dias de prova é infalível:
Entre no banheiro, tranque a porta;
Apague a luz e entre na cabine;
Deixe lá seu número dois, até para preservar sua roupa para o momento do encontro fantasmagórico;
Jogue no mínimo três fios de cabelo na privada;
Dê três descargas falando três palavrões;
Abra as torneiras três vezes;
Olhe no espelho e chame três vezes a Loira do Banheiro.
*Para escrever sobre Maria Augusta, foi imperioso ter à minha disposição o livro “A Loira do Banheiro: a Dama e o Conselheiro” – do meu amigo Diego Amaro.
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