Hoje (8) é o Dia Internacional das Mulheres e para marcar a data, neste mês de março, destacaremos uma série com quatro matérias sobre algumas mulheres extraordinárias e comuns que marcaram e ainda fazem história que inspiram.

A primeira é a da Maria Zeferina Rodrigues Baldaia, corredora profissional e campeã da tradicional corrida São Silvestre. Com mais de 30 anos de carreira, a corredora já disputou mais de 1 mil competições nacionais e internacionais.  

DESAFIOS
 
A corredora é mineira nascida em Nova Módica, mas mora desde criança, em Sertãozinho, na região de Ribeirão Preto. Morando na roça, a mulher falou que começou a correr no canavial perto de casa, pegando gosto pelo esporte. Ela contou que trabalhava com os pais e como o dinheiro era pouco, a família usava para o aluguel e comida, e ela disse que corria descalça. Isso durou 15 anos.  
 
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“Na época trabalhava na roça e ganhava muito pouco. O que ganhava era para pagar o aluguel e comprar comida. Mas a paixão de vencer na vida era tão grande, de realizar o sonho de um dia poder participar da São Silvestre que eu não sentia dor. O primeiro treino com um tênis foi meu primeiro treinador que me emprestou, mas tirei ele no meio da corrida”, disse Maria Zeferina.

A corredora acredita que é pioneira no atletismo brasileiro, e relembra o preconceito que sofreu no começo da carreira devido a seu gênero.

“Não existiam muitas mulheres correndo corrida de rua. No esporte de maneira geral não tinha muitas mulheres e ver uma mulher correr, o preconceito era muito grande. Trabalhava o dia inteiro e quando eu saia para correr, às 18h, eu ainda escutava vai trabalhar, lugar de mulher é no fogão, lugar de mulher é na pia e cuidando dos filhos, isso não é coisa para mulher mas eu não me preocupava, eu pensava que um dia iria realizar o meu sonho”, explicou a atleta.

CONQUISTAS

Ela participou de 1 mil competições nacionais e internacionais, Maria Zeferina fala que uma das maratonas mais marcantes foi a Internacional de Curitiba, pois nela construiu seus primeiros passos, batendo recordes e conquistando seu primeiro patrocinador.

Sobre a Corrida Internacional de São Silvestre, a corredora disse ter sido a realização de um sonho e de muitas conquistas para a cidade de Sertãozinho após a vitória.

“Quando eu ganhei a São Silvestre, o prefeito falou para eu pedir alguma coisa por ter representado a cidade de Sertãozinho. Pedi para que pelo menos, ele pudesse pedir para um trator passar nos canaviais aqui por perto, fazer um quadrado de 400 metros para essa nova geração que vem para ter onde treinar e não ter que passar o que eu passei”, contou a corredora.

Maria ainda afirmou que o centro olímpico da cidade é o maior troféu dela. “Eu ia treinar em Ribeirão Preto porque aqui não tínhamos uma pista para treinar. Durante minha carreira toda eu ia três, quatro vezes na semana para ribeirão preto para treinar”, relembrou.

CONSELHO

Para as novas gerações, Maria Zeferina Rodrigues Baldaia fala de determinação e afirma que é fundamental correr atrás dos nossos sonhos e dos objetivos.

“Nunca desista dos seus sonhos, por mais difícil que seja, porque o meu demorou 15 anos e eu não desisti. Com os obstáculos, temos que lutar cada vez mais, porque na minha época não foi diferente, chega desse tabu de mulher é no fogão, em casa, cuidando dos filhos”, finalizou a corredora profissional e campeã.
 
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