12 de dezembro de 2024
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Quase 80% dos professores já questionaram continuidade na carreira

Pesquisa inédita do Instituto Semesp indica números e principais causas da falta de motivação entre docentes; entenda

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Docentes da rede pública e privada entraram no debate (Foto: Freepik)

Cerca de oito em cada dez profissionais da educação básica já questionaram se continuariam na carreira. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (8) e são de uma pesquisa do Instituto Semesp, chamada “Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil”.

Foram entrevistados 444 docentes do ensino infantil ao médio, de rede pública e privada, de todas as regiões do país, entre os dias 18 e 31 de março. Confira quais são os motivos mais apontados como causadores de desgaste.

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As principais causas para pensar em desistir da profissão foram apontadas como sendo as seguintes:

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  • Baixo retorno financeiro
  • Falta de reconhecimento profissional
  • Carga horária excessiva
  • Falta de interesse dos alunos

Desafios

Além disso, eles também citaram os desafios em sala de aula:

  • Falta de valorização e estímulo da carreira – 74,8%
  • Falta de disciplina e interesse dos alunos – 62,8%
  • Falta de apoio e reconhecimento da sociedade – 61,3%
  • Falta de envolvimento e participação das famílias dos alunos – 59%

Segundo os dados da pesquisa, 52,3% dos respondentes diz já ter passado por algum tipo de violência enquanto desempenhava sua atividade como professor. As violências mais relatadas são

  • Agressão verbal – 46,2%
  • Intimidação – 23,1%
  • Assédio moral – 17,1%

São citados também racismo e injúria racial, violência de gênero e até mesmo ameaças de agressão e de morte. Os principais praticantes da violência são

  • Alunos – 44,3%
  • Alunos e responsáveis – 23%
  • Funcionários da escola – 16,1%

Com isso, 67,6% dos profissionais se sentem inseguros, desanimados e frustrados quanto ao futuro na carreira.

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Satisfações

Apesar disso, a pesquisa mostra que 53,6% dos professores da educação básica está satisfeita ou muito satisfeita com a carreira. Os professores apontam como motivos para continuar nas salas de aula:

  • Interesse em ensinar e compartilhar conhecimento – 59,7%
  • Satisfação de ver o progresso dos alunos – 35,4%
  • Vocação própria – 30,9%

“Apesar de todos os problemas é o que eu gosto de fazer e tenho maior capacidade”, diz um dos professores entrevistados, cujo nome não foi revelado. “A paixão pelo processo de ensinar e aprender, contribuindo para a evolução das pessoas”, aponta outro, que também não foi identificado.

Para Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil, esses dados são importantes porque mostram o que motiva os professores. “Ele fala da sua vocação. Fala do interesse em ensinar, da satisfação de ver o progresso do aluno. São fatores que estão interligados. Tanto a vocação como o interesse em compartilhar o conhecimento e a satisfação de ver o progresso do aluno. Esse é um dado muito importante em termos do perfil daquele que escolhe ser professor”, destaca

Licenciaturas

A pesquisa Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil faz parte da 14ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, que reúne dados oficiais e coletados pelo Instituto Semesp para traçar o cenário atual do setor educacional no país. Esta edição tem como foco principal Cursos de Licenciaturas: Cenários e Perspectivas.

De acordo com a publicação, o Brasil tem 9,44 milhões de estudantes matriculados no ensino superior. A maioria deles está em instituições privadas (78%). Por lei, pelo PNE (Plano Nacional de Educação), até 2024, o país deveria ter 33% dos jovens de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior. Até 2022, essa taxa era 18,9%.

Atualmente, 17% dos alunos do ensino superior cursam alguma licenciatura, o que equivale 1,67 milhões de universitários. Pedagogia aparece como 17° curso com mais estudantes nos cursos presenciais diurnos e como o primeiro curso com mais estudantes em ensino a distância (EAD).

Apesar do grande número de estudantes, os dados mostram que as desistências nesses cursos são altas. Cerca de 60% dos estudantes de licenciaturas na rede privada e 40% dos estudantes da rede pública desistem da formação. Entre os mais jovens, apenas 6,6% dos entrevistados pelo Instituto Semesp têm interesse em cursar cursos da área de educação.

“Nós pensamos que é necessário repensar também o modelo de oferta dos cursos de licenciatura, com essa campanha que estamos fazendo para atrair os jovens para os cursos de licenciatura. Os currículos têm que ter mais prática e mais capacitação para esse uso de tecnologia, a necessidade de financiamento das mensalidades, porque a maioria dos que vão para o curso de licenciatura é de uma classe social mais baixa e, por isso, a necessidade de uma bolsa permanência para o aluno não evadir e não precisar trabalhar”, defende Lúcia Teixeira.

Formação a distância

Recentemente, as altas taxas de matrícula em cursos a distância e a preocupação com a qualidade da formação dos estudantes, especialmente dos futuros professores, levaram o MEC (Ministério da Educação) a buscar uma revisão do marco regulatório da modalidade.

Para o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, a formação presencial pode não ser a única solução. Ele defende uma revisão da avaliação dos cursos. Ainda que seja na modalidade a distância, ele ressalta que os cursos de formação de professores preveem uma carga horária presencial, em estágios, por exemplo.

“Eu acho que o que precisa é melhorar a avaliação dessa presencialidade. Se eu tenho obrigatoriedade de estágios e esses estágios não são cumpridos ou são muito ruins, aí eu tenho um problema. Se é ruim e eu só aumento a carga [horária presencial], eu só vou aumentar a ruindade. Então, eu acho que, primeiro, antes de discutir mais carga presencial ou menos carga presencial, não estou falando que a gente defende ou não defende, mas eu acho que é preciso melhorar esse monitoramento do presencial”, diz.

A pesquisa feita com os docentes pelo Instituto Semesp mostra que 50,1% dos respondentes discordam parcial ou totalmente da afirmação de que o ensino a distância não é adequado. Além disso, para 55,7% dos entrevistados, os cursos de licenciatura devem ser ofertados apenas na modalidade presencial.

*Com informações de Agência Brasil

**Sob supervisão de Marcos Andrade

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Janaína Boaventura, com supervisão da redação
Estagiária no Tudo EP e no ACidade ON, é graduanda em Estudos Literários. Adentrou no Grupo EP em 2024 e atua nos conteúdos digitais, enfaticamente com a parte textual.
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