“Uma cidade dentro da outra”, essa era a principal manchete dos jornais do início da década de 80. Quem anda hoje pelo Conjunto Habitacional Padre Anchieta, no distrito de Nova Aparecida, na região Norte de Campinas, tem a impressão de estar em uma cidade do interior. O bairro faz divisa com os municípios de Hortolândia e Sumaré e conta com uma complexa organização urbana, social e cultural.
O Conjunto Habitacional Padre Anchieta foi inaugurado oficialmente em 1982, sendo um projeto desenvolvido pela Cohab (Companhia de Habitação Popular de Campinas). “As ruas aqui são espaçosas e tem tudo o que você precisa bem perto”, quem afirma é Benedito Martins, morador há mais de 40 anos no bairro. Ele, junto com outros habitantes dos anos iniciais do Padre Anchieta, revela que o planejamento tornou o bairro atrativo para quem buscava novas oportunidades.
“Eu morava no [bairro] Três Marias, em 1979, antes de começar o Padre Anchieta”, diz Marta Caconde, de 58 anos. Ela se recorda dos primeiros anos do lugar. “Aqui só tinha chácara. A gente era criança e saía do nosso bairro para pegar frutas aqui”. Atualmente, Marta continua morando no Padre Anchieta e diz que, ao longo das últimas quatro décadas, muita coisa mudou.
“Mudou muito. Mudou o comércio, mudou o posto de saúde. O Padre Anchieta é um bairro muito bom de se morar. Aqui tem tudo”,
afirma Marta.
O discurso de Marta, assim como o de Benedito, é recorrente. Sobretudo, enquanto alguns moradores se queixam de faltas de opções de transportes públicos, outros relatam problemas com segurança.
“Aqui é um ponto muito bom para comércio, caiu um pouco por causa da pandemia, mas, de uma época para cá, está faltando policiamento. Eu já fui furtada quatro vezes”, diz Silvia Maria da Silva, de 80 anos, que tem uma floricultura na Avenida Papa João Paulo II. Segundo a Polícia Militar, de fato, algumas regiões do bairro, que somam 1.715.456 metros quadrados, ficam desassistidas de viaturas por algumas horas.
Com menos de 50 anos de história, o bairro já abrigou 10% da população de Campinas entre as décadas de 80 e 90, de acordo com o historiador da Prefeitura Municipal Américo Villela. O estudioso explica que o conjunto era inovador por trazer na planta centros fundamentais para o convívio social e comercial. “Isso tudo foi um empreendimento habitacional. Foi tudo construído para ser uma cidade dentro da outra”, disse.
ESTRUTURA COMPLEXA
No início, o Padre Anchieta foi desenhado para contemplar 6,5 mil casas, um centro esportivo, um posto policial, uma creche, um espaço para atendimento odontológico, um centro médico e um centro cultural. Além disso, quem decidiu se inscrever para residir no loteamento do principal bairro do Distrito de Nova Aparecida foi prestigiado com uma escola com 21 salas e uma estrutura comercial com, pelo menos, 56 lojas, que se desenvolveu progressivamente.
De acordo com a Prefeitura Municipal, o Conjunto Habitacional Padre Anchieta, que tem perfil residencial, conta com praças de atividades físicas, como a Praça de Esportes João Carlos de Oliveira; um centro de assistência social, uma unidade de Corpo de Bombeiros, o 8° Distrito Policial, três escolas estaduais, quatro centros de educação infantil, três unidades de saúde, um terminal e 54 pontos de parada de ônibus distribuídos por toda o bairro.
Seja pela facilidade dos serviços públicos, seja pelas opções artísticas promovidas pelo Centro Cultural Maria Monteiro, o Padre Anchieta vive movimentado. Entre os apartamentos empreendidos pela Cohab durante a década de 70, vive um grande bairro que mais parece ser uma pequena cidade.
Acompanhe cada uma das matérias sobre Conjunto Habitacional Padre Anchieta abaixo e entenda o que há de fato no lugar:
O MOVIMENTO DO PADRE ANCHIETA QUE NÃO PARA
- Padre Anchieta: Conheça histórias de moradores do bairro
Dona Paixão organizava uma mesa com frutas do varejo da esquina da Avenida Cardeal Dom Agnello Rossi e da Rua Papa Santo Aniceto. Ela usava um avental e foi receptiva quando questionada sobre há quanto tempo residia no Padre Anchieta. “Essa casa aqui mesmo, eu esperei dez anos desde a época que fiz a inscrição”, explicou Maria José da Paixão. A aposentada veio de Pernambuco, mas morou em outros bairros de Campinas antes de se mudar ao bairro Padre Anchieta.
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2. Padre Anchieta: Conheça histórias de comerciantes do bairro
Ela estava sentada à frente de uma floricultura da Avenida Papa João Paulo II, logo em frente ao terminal de ônibus. O comércio, centralizado entre uma venda de pastéis e de uma antiga banca de jornal, se destaca pela cor rosa e pelas flores empilhadas em frente à porta branca. “Em 1998, eu comecei com o ramo de flores”, diz a empreendedora Silvia Maria da Silva Morais, de 80 anos. Na pequena casa rosa, ela está há mais de dez anos e já tem uma opinião sobre os desafios de empreender no bairro.
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3. Espaço Cultural Maria Monteiro: Um centro de transformação no Padre Anchieta
Cleudiran Sales Dias abriu uma grande porta azul com diversas fotografias coladas de momentos do passado. Eram imagens que rememoram peças teatrais, carnavais, festas juninas, oficinas e espetáculos que aconteceram no Espaço Cultural Maria Monteiro, localizado na Rua Dom Gilberto Pereira Lopes, no Conjunto Habitacional Padre Anchieta, em Campinas. Um salão separava a entrada do palco do teatro e ela explicou sobre a importância do lugar.
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4. Esporte no Padre Anchieta: conheça a importância do esporte no bairro
Na Rua Alberto Bosco, há um campo de futebol. Quem passava na frente do espaço durante as últimas duas décadas podia ver uma placa que eternizou uma escola de futebol no imaginário dos moradores do bairro Padre Anchieta. “Sete Cores era o nome da nossa escolinha de futebol”, diz Sebastião José da Silva, um dos professores do clube de bairro que mudou a vida de dezenas de crianças na região.
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5. Saiba quem foi Padre Anchieta, que leva nome de bairro de Campinas
O nome “Anchieta” é comum em Campinas. Na cidade, por exemplo, há uma avenida, um córrego e um busto que fazem homenagem a José de Anchieta, o padre que, também, leva o nome de um dos bairros do município: o Conjunto Habitacional Padre Anchieta. Embora seja comum no estado de São Paulo, enquanto personagem histórico, ele não tem relação direta com a formação de Campinas.
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