Quem vê hoje a região da Praça da Concórdia, no Campo Grande, em Campinas, não consegue imaginar como eram os ares de antigamente. “Aqui tinha muita árvore de eucalipto”, relembra Moisés Marcelino, morador do Jardim Novo Maracanã, próximo à praça, há quase 40 anos. “Nas regiões aqui perto, os moradores vêm para a Concórdia direto. Aqui é muito movimentado”, afirma Maria Andrade, que, além de ter um bazar, é comerciante no Parque Valença I.
As falas dos dois moradores são contrastantes, mas ilustram bem o desenvolvimento desse importante espaço na periferia de Campinas. De acordo com o Censo 2022, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Campo Grande concentra cerca de 105 mil moradores distribuídos em mais de 90 bairros – o que o torna como a segunda região mais populosa de Campinas, atrás apenas do Ouro Verde.
A Praça Concórdia, nomeada em 2006 pela Prefeitura Municipal, é um marco na história do distrito.
“Quando chegamos aqui, a Praça era um canteiro. Ela servia de estacionamento para o mercado”,
afirma Ivani Pereira, que, junto ao esposo, tem um chaveiro há 17 anos próximo ao espaço público.
De acordo com o historiador do Museu da Cidade, Américo Villela, o nome “Concórdia” faz referência a imigrantes alemães. “Na história de Campinas, o nome Concórdia está associado à Sociedade Alemã de Canto Concórdia, criada em 17 de maio de 1870, e que congregava imigrantes alemães e que resultou na criação do Clube Concórdia”. Sobretudo, o estudioso afirma que não é possível afirmar se essa origem tem ligação com a famosa praça do Campo Grande.
REGIÃO DE MUITAS OPORTUNIDADES
O casal Ivani e Valdeir têm uma vista privilegiada da praça que foi inaugurada durante a gestão do então prefeito Hélio de Oliveira Santos. Para eles, as transformações do Campo Grande também significaram novas oportunidades ao longo dos anos.
Uma das principais características da região que abriga a Concórdia é a Avenida John Boyd Dunlop e a rodovia Bandeirantes. De acordo com a obra “Memórias do Campo Grande: Uma história de lutas e religiosidade na região às margens da John Boyd Dunlop”, de 2011, a realidade de campos e chácaras permaneceu até a década de 70. A partir desta data, a região “se viu ocupada por um contingente imenso de moradores que chegaram em Campinas em busca de trabalho e melhores condições de vida”.
Em um artigo publicado pela Escola Estadual Ruy Rodriguez, que fica na Rua Paulo Gliwkoff, 104, no parque Parque Itajaí I, há uma perspectiva geral que consegue traduzir a realidade do distrito. O texto explica que o Campo Grande ainda está ligado à especulação imobiliária e, atualmente, a região é marcada por grandes índices de vulnerabilidade econômica, com forte presença de “pessoas negras, migrantes nordestinos e famílias dirigidas por mulheres”.
Seja como for, essa história não diz apenas sobre as transformações que a Praça da Concórdia trouxe à região periférica de Campinas, que hoje é comparada e, muitas vezes, exaltada, como uma verdadeira cidade dentro da metrópole, ela diz também sobre os moradores que, como Moisés, Ivani, Vilma e os estudantes da Escola Ruy Rodriguez, lutaram para que o lugar fosse motivo de orgulho.
Acompanhe cada uma das matérias abaixo e conheça um pouco da história de conquistas da região em torno da Praça da Concórdia:
OS MOVIMENTOS E AS LUTAS POR MAIS QUALIDADE DE VIDA:
- Campo Grande: Quase 10 anos de distrito, moradores dizem o que precisa na região
A data era 6 de outubro quando um plebiscito aconteceu ao mesmo tempo que as eleições de 2014. Na ocasião, pelo menos, 56,79% dos eleitores da zona eleitoral do Campo Grande votaram a favor da elevação da região a distrito de Campinas. Por outro lado, outros 43,21% foram contrários. “Na época, eu votei para não ser distrito aqui”, quem diz é Vilma Martins. “Eu acho que quem votou na época foram pessoas que não moram no Campo Grande”.
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- Fios e Afins: um projeto que renova esperanças no Campo Grande
Havia uma porção de panos estilizados em pinturas que variam de flores a animais. Era um show de cores de tinta nos guardanapos sobre a mesa e pendurados em um cordão. Aqueles trabalhos eram fruto de usuárias do Centro de Saúde Parque Valença, no distrito de Campo Grande, em Campinas. Naquele espaço de saúde, funciona o grupo “Fios e Afins”, que tem como principal objetivo acolher e cuidar da saúde mental de quem mais precisa.
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- Campo Grande: conheça algumas histórias de comerciantes da região da Praça da Concórdia
Roberto é filho de ‘Seu’ Bento, fundador de uma tradicional farmácia na região da Praça da Concórdia, no distrito de Campo Grande, em Campinas. “Aqui na região, a gente trabalha desde 1979”, diz com orgulho. Atualmente, a farmácia, que leva o nome do fundador, conta com três funcionários e já viu diversas transformações no bairro.
De acordo com Roberto, depois que a região se elevou a distrito, em 2015, houve algumas melhorias, inclusive no comércio. “No começo, você não tinha infraestrutura nenhuma aqui. Não tinha muita coisa”, diz. “Depois de virar distrito, [morar e ter um comércio] ficou muito mais fácil. Hoje, você tem tudo aqui no bairro”, afirma.
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- Horta Comunitária do Itajaí: conheça a importância do lugar na periferia de Campinas
“É renda, é segurança alimentar, é terapia”, traduz Orlando Santos sobre os frutos da horta comunitária do Itajaí, no distrito de Campo Grande, em Campinas. ‘Seu’ Orlando, ao som dos galos de um pomar no terreno comum da Rua Pedro Miguel e também dos aviões que desciam ao aeroporto Viracopos, não tão distante dali, explicava a importância daquele pedaço de terra.
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- Economia solidária: conheça um pouco da famosa feira da Praça da Concórdia
Próximo ao obelisco da Praça da Concórdia, no distrito de Campo Grande, em Campinas, há um conjunto de barracas azuis presentes em quase todos os dias da semana. Dentre elas, há um espaço reservado à venda de pastel, pelo programa municipal Economia Solidária. É naquela barraca que fica a empreendedora Carol e toda a sua família.
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Projeto Vozes da Nossa Gente
Essa matéria faz parte do projeto multiplataforma “Vozes da Nossa Gente” do portal ACidade ON Campinas. O projeto destaca o jornalismo hiperlocal e busca uma maior conexão com a comunidade.
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