Quem disse que agro e carnaval não se misturam? Com um enredo poético e focado em recuperar nossas brasilidades, a escola de samba carioca Mocidade Independente de Padre Miguel teve o caju como estrela do seu samba-enredo.
Com o enredo que diz “Pede caju que dou… Pé de caju que dá” não só a história e a tradição dessa fruta estavam no desfile, mas também inovações da ciência brasileira. Clones de mudas de cajueiros, algo que parece ficção científica, cruzaram a avenida com os foliões. O desfile aconteceu na noite desta segunda-feira (12), na Marquês de Sapucaí.
Embrapa ajudou no enredo
Em julho de 2023, a Embrapa, que tem em Fortaleza (CE) o centro que desenvolve toda a pesquisa com o caju, entrou em contato com a escola de samba para falar não só sobre as características da fruta, como sobre toda a tecnologia que sua produção envolve.
“A cajucultura hoje demanda tecnologia, demanda sistemas produtivos avançados. Então, a gente tem que unir as características da fruta com a tecnologia que o agro brasileiro demanda”, explicou Saavedra. A partir daí, a Embrapa Agroindústrria Tropical passou a trabalhar junto com a Mocidade, dando informações técnicas, “até para eles construir o samba, o enredo, os carros alegóricos. Foram muitas conversas”.
Na reta final, foi plantado um cajueiro na Cidade do Samba, em área reservada para a Mocidade pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa). Para o carro alegórico da escola, que fala do caju e da tecnologia de produção, a Embrapa doou 500 mudas de cajueiros anões, também chamadas clones. “A tecnologia Embrapa estará na Marquês de Sapucaí. Os clones são as variedades”.
LEIA TAMBÉM
Onde terá blocos de Carnaval para crianças em SP?
Carnaval 2024: veja 5 dicas para proteger seus apps bancários
Cada clone demora, em média, 30 anos para se desenvolver completamente. “Porque a gente tem que buscar, na natureza, as variedades mais adaptadas, fazer cruzamentos e, a partir disso testar as características não só de produção, mas industriais e sensoriais do produto. Por isso é que demora muito”.
Uma vez feito isso, o processo de multiplicação do caju é por clonagem. A partir do conjunto de plantas base, são feitas cópias. “Cada cultivar de caju é cópia de um conjunto de plantas que está lá na nossa estação experimental. Todas têm a mesma característica de produção”, observou o chefe-geral.
As mudas foram doadas à Mocidade Independente de Padre Miguel em troca de uma ação social. Após o carnaval, a escola se comprometeu a realizar um trabalho também de doação para a comunidade, para as pessoas plantarem os cajueiros nos seus próprios quintais ou em parques.
Com informações da Agência Brasil
LEIA MAIS