*Por: Marina Fávaro
Maria da Fé (MG) é considerada o berço da olivicultura no Brasil. Localizada na Serra da Mantiqueira, a cidade foi o local da primeira extração de azeite de oliva extravirgem do país no ano de 2008. Originárias do Mediterrâneo, as azeitonas precisam de frio para que as plantas produzam as flores e, consequentemente, os frutos. Monitorar o clima e, principalmente, o frio é fundamental para o sucesso da cultura.
O consultor climatológico William Siqueira é nascido e criado em Maria da Fé. “Lá no ano de 2010, com meus 14 anos de idade, eu tinha muita curiosidade em conhecer o clima da minha cidade, porque era muito frio e eu não me lembro de ter dados sobre a temperatura”. Foi nessa época que ele comprou o primeiro termômetro simples para medir as temperaturas e, então, divulgá-las.
“Por volta de 2015, aquela minha primeira aquisição foi evoluindo e eu comprei a minha primeira estação meteorológica profissional, que fazia a leitura das temperaturas de modo automático e, depois, divulgava essas informações, também de maneira automática, no site”, contou William.
Ele conta que começou a expandir as suas estações metrológicas pela cidade, especialmente pelos locais mais frios, o que chamou atenção dos agricultores, em especial os olivicultores, já que as azeitonas demandam acompanhamento climatológico para o seu desenvolvimento. “Eu fui vendo que a demanda para a instalação de estações meteorológicas era alta, então resolvi investir nesse serviço para auxiliar os olivicultores”, disse.
Depois de instalar as estações meteorológicas, William começou a investir em uma ferramenta para facilitar ainda mais a vida do olivicultor. Por meio de uma plataforma, baseada em dados de temperatura, umidade, ventos e radiação solar, são obtidos relatórios. “Mesmo o produtor que não entende muito de clima, pode acompanhar o relatório e saber se o seu local é ou não propício para o desenvolvimento dos olivais”.
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Segundo ele, a oliveira precisa de mais de 300 horas anuais em temperaturas abaixo de 12ºC para o desenvolvimento e, portanto, sucesso do fruto. “Se ela não tiver essas 300 horas abaixo de 12ºC, ela não dá flor e, consequentemente, não produz azeitona”. William explica que, antes, era um trabalho mais local, mas, agora, a ferramenta já expandiu. “Hoje, eu atendo mais de 900 produtores no Brasil inteiro com essa ferramenta. Hoje a gente tem o maior banco de dados climatológicos de fazendas de olivicultura do mundo, auxiliando até mesmo a Epamig [Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais]”.
Para utilizar a ferramenta, basta que o produtor tenha a estação meteorológica instalada. “A gente cobra R$ 9 do produtor para poder manter a ferramenta funcionando. A gente ‘linka’ a estação meteorológica do produtor na ferramenta que faz toda a análise dos dados por meio dos relatórios”. O produtor entra no sistema, por meio do seu login particular, e gera o relatório para entender se fez frio suficiente para o desenvolvimento da oliveira”. Quantidade de água e pulverização também podem ser observados no sistema.
*Sob supervisão de Marcelo Ferri
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