Praticar atividade física, em especial a corrida, com auxílio da música tem sido uma rotina cada vez mais comum. Esse hábito veio das academias, com as aulas de rpm e spinning baseadas no ritmo das músicas, ou seja, o som é responsável por ditar o Pace das pedaladas. Em seguida, essa nova estratégia motivacional e pedagógica começou a ser utilizada na corrida em esteira, chegando à corrida de rua, acompanhando a evolução dos players e fones de ouvido. Os praticantes escutam música nos treinos na via pública, parques, zona rural e até nos dias de provas.
Porém, o uso de fones de ouvido não é unanimidade. Em algumas provas nos Estados Unidos e na Europa já há orientações para os participantes não utilizarem fones de ouvido.
USE COM MODERAÇÃO
Como tudo na vida, é preciso moderação. É necessário analisar os prós e contras para entender como usufruir dos benefícios dessa estratégia em treinos ou em provas, uma vez que o recomendado é que, no grande dia, você realize apenas o que fez nos treinos.
“Pensando na segurança, é necessário ressaltar que um dos melhores e mais importantes dos sentidos é a audição, pois ela nos deixa em alerta e nos protege com muita eficiência de possíveis riscos do cotidiano, principalmente durante os treinos na rua”, explica o treinador Ronaldo Dias, consultor técnico de ON RUN.
Dias, que é professor de educação física e especialista em corrida, complementa: “Oriento sempre os alunos a correrem sem o uso dos fones de ouvido na rua. Isso por ter acompanhado alguns acidentes, em especial entre ciclistas e corredores, que normalmente utilizam e ficam muito próximos de vias movimentadas para realizarem suas atividades físicas”.
VISÃO + AUDIÇÃO
O treinador lembra que, quando corremos, a visão protege a pessoa de tudo que está à frente, ou seja, de tudo que é possível visualizar. Já a audição protege de tudo que não se consegue ver, porém, é possível escutar. Por exemplo: o grito de um ciclista, a buzina de um carro, a sirene de uma ambulância ou mesmo a aproximação de uma pessoa mal-intencionada.
“A audição nos ajuda a ver, no caso a ouvir, o que os olhos não captam e a maioria dos acidentes com corredores está relacionada a isso”, reafirma Dias.
Por isso, a recomendação para aqueles atletas que não conseguem correr sem a música ou já criaram o hábito, é que treinem em parques, onde o risco é menor.
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Se for para rua, a recomendação é que o atleta utilize espaços em dias e horários em que o trânsito fica interditado. E use o fone em apenas uma das orelhas. Isso diminui muito a possibilidade de um possível acidente durante seus treinos.
QUAL FONE USAR PARA CORRER?
Dependendo do tipo de fone de ouvido utilizado para correr, o suor pode acabar danificando o equipamento. Quando o fone possui resistência à água, o produto vem com uma identificação nas especificações técnicas parecida com essa: IPXX.
O primeiro “X” se refere à tolerância para entrada de partículas sólidas (como poeira). O segundo “X” está relacionado à capacidade do produto ser impermeável. Esses “X” são trocados por algum dos números abaixo, em função da proteção do produto contra poeira e água.
GRAU DE PROTEÇÃO CONTRA SÓLIDOS
0 – Sem proteção
1 – Proteção contra sólidos cujo diâmetro seja maior do que 50mm
2 – Proteção contra sólidos cujo diâmetro seja maior do que 12,5mm
3 – Proteção contra sólidos cujo diâmetro seja maior do que 2,5mm
4 – Proteção contra sólidos cujo diâmetro seja maior do que 1mm
5- Proteção contra o acúmulo de poeira e contato com partes internas do equipamento
6 – Proteção total contra a entrada de poeira
GRAU DE PROTEÇÃO CONTRA LÍQUIDOS
0 – Sem proteção
1 – Proteção contra queda vertical de gotas de água
2 – Proteção contra queda de gotas de água a uma angulação de 15 graus
3 – Proteção contra queda de gotas de água a uma angulação de 60 graus
4 – Proteção contra água borrifada em qualquer uma das direções
5 – Proteção contra jatos de água mais leves
6 – Proteção contra maresia intensa, contra grande acúmulo de líquidos ou contra jatos de água com pressão
7 – Proteção contra imersão temporária de até 1 metro e por um período de até 30 minutos
8 – Proteção contra submersão completa, contra imersão prolongada em situações sob pressão.
“Marcas renomadas, como a JBL, possuem fones próprios para corrida e realização de atividades físicas, se fixando melhor às orelhas, pois ninguém merece treinar com o fone caindo, não é mesmo? A maior parte dos fones de marcas grandes e famosas que são originais, são criados para expelir o suor e a água”, comenta Dias.
CUIDE BEM DO SEU FONE
Para conservar bem o fone, é preciso que ele seja guardado em locais secos e arejados, mantidos sempre limpos.
“Outra dica interessante é dar preferência aos fones sem fio, pois, na hora de realizar os exercícios, eles não atrapalham. Existem modelos que com um pequeno fio ou ganho que se enrolam no pescoço ou orelha, apenas para garantir que eles não vão cair. Estes também são indicados”, indica o consultor técnico de ON RUN.
O treinador, contudo, reforça o alerta: cuidado com fones que possuem bloqueio de ruído, principalmente ao correr em lugares movimentados, pois a audição é importante para garantir a segurança.
O melhor tipo de fone será aquele com o qual o corredor se adaptar melhor. Há quem prefira correr com o fone sem fio. Outros preferem os modelos com ganchinho ou com fio que enrola no pescoço, e assim por diante. O importante é correr com segurança e se sentir confortável.