9 de maio de 2024
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Sabia que as mulheres não podiam correr a maratona? Confira como tudo começou

Mulheres fizeram história na corrida de rua. Conheça o pioneirismo de algumas delas na maratona

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Confira a história de mulheres que fizeram história na corrida de rua Crédito: Maratona de Boston

No dia 8 de março comemoramos o Dia Internacional da Mulher, que foi instituído pela Organização das Nações Unidas, em 1975.

Você, provavelmente já deve ter ouvido muitas histórias sobre o assunto e alguns fatos narrados estão ligados a uma tragédia provocada por um incêndio que teria ocorrido em uma fábrica nos Estados Unidos, vitimando muitas mulheres.

Esse incêndio aconteceu na Triangle Shirtwaist Company e vitimou 146 pessoas, 125 mulheres e 21 homens, sendo os judeus a maioria dos mortos. Essa história é considerada um dos marcos para o estabelecimento do Dia das Mulheres.

As causas desse incêndio foram as péssimas instalações elétricas associadas à composição do solo e das repartições da fábrica e, também, à grande quantidade de tecido presente no recinto, que serviu de combustível para o fogo. Além disso, alguns proprietários de fábricas da época, incluindo o da Triangle, trancavam seus funcionários na fábrica durante o expediente como forma de conter motins e greves. No momento em que a Triangle pegou fogo, as portas estavam trancadas. 

A luta das mulheres sempre foi verdadeira, legítima e realizada por meio de manifestações, greves, paralisações, entre outras formas de protesto, além de mobilização política, ao longo dos tempos, que fortaleceu a importância do 8 de março como um momento de reflexão e de luta.

No esporte, em especial na corrida (maratona), destacamos duas mulheres pioneiras, que durante anos mostraram que a mulher era capaz de correr e ser feliz praticando a corrida. Vale destacar que a luta dessas mulheres por dias melhores e pelo direito à igualdade não é só no esporte, como também na sociedade. 

Roberta Gibb e Katherine Switzer se destacaram na luta feminina para provar que eram capazes de correr a maratona, o que aconteceu oficialmente somente nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984.

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Roberta Louise “Bobbi” Gibb (nascida em 2 de novembro de 1942 em Cambridge, Massachusetts ) é a primeira mulher a correr toda a Maratona de Boston (1966). Ela é reconhecida pela Boston Athletic Association como a vencedora feminina da era pré-sancionada em 1966, 1967 e 1968 . Na Maratona de Boston, a era pré-sancionada compreendeu os anos de 1966 a 1971, quando as mulheres, que sob as regras da AAU não podiam competir na Divisão Masculina, correram e terminaram a corrida. Em 1996, o BAA retroativamente reconheceu como campeãs as mulheres que terminaram em primeiro lugar na Maratona da Divisão Feminina Pioneer, nos anos 1966-1971. 

A corrida de Gibb em 1966 desafiou os preconceitos e equívocos prevalentes sobre as capacidades atléticas das mulheres. Em 1967, ela terminou quase uma hora à frente de Kathrine Switzer. Em 1968, Gibb terminou em primeiro lugar entre cinco mulheres que correram a maratona. Foi somente no final de 1971, de acordo com uma petição à União Atlética Amadora por Nina Kuscsik , que a AAU mudou suas regras e começou a sancionar maratonas da divisão feminina. Kuscsik venceu a corrida inicial da divisão feminina sancionada pela AAU em Boston em 1972. 

(Foto: Boston Herald / Hagen Hopkins via 261Fearless) Kathrine Switzer

Kathrine Virginia “Kathy” Switzer (Amberg, 5 de janeiro de 1947) é uma ex-maratonista alemã que entrou para a história por ser a primeira mulher a participar da Maratona de Boston, em 1967, numa época em que apenas os homens podiam integrar quaisquer provas de rua no país.
Kathrine Switzer tornou-se comentadora televisiva, continuou a lutar pela igualdade de género (lançou a fundação 261 Fearless).  

No período que ocorreu o fato Kathrine cursava jornalismo na Universidade de Syracuse, localizada em Syracuse- Nova Iorque (Estados Unidos). 

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Quando jovem, prestes a entrar no ensino médio, Kathrine relata que seu pai propunha a ela a ideia de não ser cheerleader (líder de torcida) na escola. Switzer relata “Nunca me esquecerei desse dia. Meu pai me olhou nos olhos e disse: Você não quer ser uma cheerleader. Torcedores torcem por outras pessoas, você quer é que torçam por você. A vida é participar, não assistir.  

Foi também a atleta que ajudou a oficializar, em 1972, a criação da categoria feminina na Maratona de Boston. Após isso o número de cobranças sobre o Comitê Olímpico para que a maratona olímpica tivesse a participação de mulheres, e, no ano de 1984, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, isso se concretizou. Nos dias atuais o cenário é diferente, não ocorre uma diferença que divide o número de participantes homens e mulheres em uma maratona. Na última edição da Maratona de Boston, em 2018, dos 25.831 totais, 11.628 eram mulheres, entre 18 e 39 anos de idade. 

Quer conhecer a história de Kathrine Virginia “Kathy” Switzer Clique aqui
Quer conhecer a história de Roberta Louise “Bobbi” Gibb? clique aqui  

A primeira maratonista brasileira
   

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Eleonora Mendonça foi a primeira brasileira a disputar uma maratona olímpica. (Crédito: Arquivo pessoal).

No Brasil, um grande exemplo dessa luta foi dado pela carioca Eleonora Mendonça, a primeira brasileira a disputar uma maratona olímpica, nos Jogos de Angeles-1984. Depois, como co-presidente do Comitê Internacional de Corredores, ela investiu na função de ativista e trabalhou para a inclusão de eventos femininos de longas distâncias nos campeonatos internacionais. “Em 1983, no primeiro Campeonato Mundial de Atletismo, em Helsinque, anunciamos a abertura de um processo por discriminação de gênero contra o Comitê Olímpico Internacional (COI)”, lembrou a antiga recordista brasileiro dos 800 m, 1500 m e maratona. “Dessa luta, nasceram decisões importantes para a igualdade de direitos.”

Apenas um ano depois, a maratona e os 3.000 m femininos já eram disputados em Los Angeles, os 10.000 m passaram a ser realizados em Seul-1988 e os 5.000 m começaram em Atlanta-1996. Depois foram incorporados o salto com vara e os 3.000 m com obstáculos, por exemplo.

A luta continua em toda a sociedade, com a solicitação de prêmios iguais entre homens e mulheres nas competições e a igualdade de salários para pessoas que ocupam o mesmo cargo, com as mesmas qualificações e com experiências semelhantes.

A World Athletics, a Federação Internacional de Atletismo, criou em 2017, o programa de liderança de gênero e ações vêm sendo adotadas para implementação do projeto. A meta é que o atletismo mundial tenha, até 2027, mais mulheres em cargos de liderança nas federações, associações e na própria World Athletics.

Na Confederação Brasileira de Atletismo, o Comitê Feminino trabalha desde 2017. Em 2020, por exemplo, o grupo formado pela coordenadora Elisângela Maria Adriano e as ex-atletas Esmeralda de Jesus Freitas de Paula, Maria Magnólia Sousa Figueiredo e Rita de Cássia Santos de Jesus realizou o I Fórum Mulheres em Movimento no Atletismo, com a participação de especialista, com o objetivo do compartilhamento do conhecimento e troca de experiências entre treinadoras. A psicóloga Maria Regina del Carlo é a ouvidora do Comitê Feminino.

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