9 de maio de 2024
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Hospital que negou colocar DIU em paciente por questões religiosas é investigado

Caso ocorreu na semana passada e ganhou repercussão após paciente se manifestar nas redes sociais

Hospital tem até 15 dias para se pronunciar (Foto: Divulgação)

O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) abriu um inquérito para investigar o motivo do Hospital São Camilo, em São Paulo, recusar a colocação do DIU (dispositivo intrauterino) em uma mulher devido a alegação de seguir “diretrizes de uma instituição católica”. O caso foi noticiado no dia 23 de janeiro, depois que a paciente em questão, a comunicadora, Leonor Macedo, divulgou a situação nas redes sociais. O hospital tem o prazo de 15 dias para se manifestar.

Investigação

O inquérito foi aberto a partir de um pedido da deputada estadual Andréa Werner (PSB), que tomou conhecimento do caso. “Quando um hospital particular e um plano de saúde recusam atendimento, o que eles fazem, na prática, é mandar o paciente para o SUS. Isso sobrecarrega o sistema público, enquanto o sistema privado tem autonomia para negar procedimentos, mesmo quando previstos claramente pela ANS”, disse a parlamentar.

Ela ressalta ainda que a saúde suplementar opera por concessão e que os critérios a serem usados por uma instituição médica precisam ser constitucionais, e não facultativos, ainda mais quando isso pode interferir na operação da saúde pública.

Segundo a portaria de instauração de inquérito civil, assinada pela Promotoria de Justiça do Consumidor da Capital, a recusa em realizar procedimentos contraceptivos pode “afrontar dispositivos constitucionais e legais e, por isso, é necessária a investigação dos fatos pelo Ministério Público”.

O documento também cita o direito ao planejamento familiar, garantido pela Constituição Federal. “Além disso, a negativa de realização de procedimentos contraceptivos pode representar ofensa ao princípio da dignidade da pessoa humana e pode acentuar indevidas exclusões sociais, na medida em que não assegura o direito à saúde e ao planejamento familiar”, diz.

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Relembre o caso

O episódio viralizou nas redes sociais e ganhou uma enxurrada de comentários críticos à postura do hospital após a comunicadora Leonor Macedo divulgar o caso na tarde da última terça-feira (23). 

“Vocês acham que é fácil ser mulher? Fui a uma consulta no Hospital São Camilo e a médica me informou que não pode colocar o DIU em mulheres porque isso vai contra os valores religiosos da instituição”, afirmou ela em seu perfil no X, antigo Twitter. 

Nos comentários, uma mulher relatou que o marido passou pela mesma situação quando tentou fazer uma vasectomia em uma unidade da rede. Em resposta, o hospital confirmou que não realiza o procedimento. “É de nosso interesse prestar as informações necessárias. Por diretriz institucional de uma instituição católica, não há a realização de procedimentos contraceptivos, seja em homens e mulheres”, esclareceu. 

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Mas apesar de polêmica, a decisão da instituição de saúde não viola os princípios do Direito Médico, diz a advogada e especialista na área, Bruna Bortoletto.

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“No contexto de hospitais privados, com base na legislação, sua autonomia lhes permite recusar procedimentos com fundamentação religiosa, ao contrário dos hospitais públicos, que são expressamente proibidos de fazê-lo”, explicou a profissional.

A situação muda quando a vida do paciente está em risco. “Cumpre ressaltar que em situações de urgência e/ou risco de vida, é vedado ao hospital recusar atendimento, independentemente da justificativa”. 

Com informações da Agência Estado

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