De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 14% dos adolescentes do mundo apresentavam algum transtorno de saúde mental. Além disso, a pandemia de COVID-19 contribuiu significativamente para o aumento da ansiedade e depressão da população brasileira em 25% no primeiro ano de pandemia.
Outras condições como medo e estresse também têm presença significativa, estimando-se que 90% dos brasileiros sofram de estresse, o que coloca o Brasil na segunda posição mundial.
Medo, estresse e ansiedade são manifestações presentes no dia a dia de jovens e adultos. O medo pode ser caracterizado por ser uma reação natural do corpo diante de uma situação ou atividade específica que geralmente não é prejudicial. Assim como o medo, a ansiedade também é uma reação natural do corpo e é caracterizada por uma antecipação de uma preocupação futura.
Já o estresse ocorre quando um organismo é submetido a uma sobrecarga de esforço físico ou mental, da qual está desacostumado.
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Medo: como reconhecê-lo
O medo torna-se um estado patológico quando é exagerado, por vezes desproporcional em comparação ao estímulo, ou em quantidade quando comparado a outras pessoas da mesma idade, podendo interferir no dia a dia ou na qualidade de vida do indivíduo.
Segundo a especialista Sandra Souza que é Neuropsicanalista e psicoterapeuta com doutorado em Saúde Mental e Neuropsicanálise, “o medo é uma reação natural do corpo diante de situações de perigo. Surge rapidamente após o reconhecimento de uma ameaça e é eliminado assim que a ameaça é, também, eliminada. Trata-se de um estado psíquico automático que ocorre diante de situações que necessitam a avaliação de uma ameaça ou perigo a fim de encontrar o melhor plano de ação para garantir a segurança e integridade do indivíduo”.
Medo de sofrer um assalto, ter a identidade violada, ser agredido fisicamente, ser assaltado, perder o emprego, entre outros, são exemplos de medos que podem afligir qualquer pessoa. Assim, a especialista explica que “o medo está presente em diversas situações, desde que haja uma ameaça real ao nosso bem-estar físico ou psíquico. Ele também é caracterizado por uma grande excitação e tendência para a ação, pois surge em situações que provocam uma resposta de luta (encarar a situação) ou fuga”.
Ansiedade: como evitá-la
A ansiedade afeta 25% dos brasileiros, segundo a OMS, sendo uma doença que merece atenção e cuidados. A especialista no assunto explica que “é preciso uma ameaça real para que a ansiedade se faça presente: a simples ideia, ou antecipação, da ameaça é o bastante. Trata-se de uma emoção voltada para o futuro, provocada principalmente pela imprevisibilidade das situações. Ela se manifesta em situações como antes de uma prova importante, uma entrevista de emprego, uma performance, ou até mesmo antes de conversar com uma pessoa interessante”.
O problema é quando a ansiedade deixa de ser uma resposta normal do corpo e torna-se patológica. Estudos comprovam que a ansiedade pode-se tornar patológica quando a ansiedade interfere no dia-a-dia da pessoa e causa transtornos, prejudicando a qualidade de vida do ser humano.
“A ansiedade, diferentemente do medo, envolve uma série de outros fatores (além da avaliação de uma ameaça), como a falta de controle da situação, a incerteza, e vulnerabilidade e a incapacidade de obter os resultados desejados. Ela é permeada por questões de ‘e se’, como por exemplo, ‘E se eu for mal na prova?’, ‘E se a empresa não gostar de mim?’, ‘E se essa dor que estou sentido for algo sério?”, enfatiza a especialista Sandra Souza.
Estresse: o que é
Os efeitos do estresse no corpo são inúmeros, podendo esse atingir o sistema musculoesquelético, respiratório, cardiovascular, endócrino, gastrointestinal entre outros. Assim, além de um correto tratamento de gerenciamento de estresse, é também recomendado que se faça exercícios físicos regulares e se tenha boas noites de sono.
Complementando, a especialista explica que “o estresse é um termo oriundo da biologia, e ocorre quando um organismo é submetido a uma sobrecarga de esforço ao qual ele não está acostumado. É o caso de uma pessoa que levanta pesos em excesso: há uma sobrecarga nos músculos e na coluna vertebral, o que pode trazer consequências como lesões. Quando se trata da saúde psíquica, o estresse é causado por uma situação de sobrecarga emocional ou de trabalho psíquico. Ele pode ser oriundo de situações traumáticas como a morte de um ente querido, ou de situações corriqueiras, como uma sobrecarga de trabalho psíquico ? o que costuma acontecer com profissionais de diversas áreas”.
Como o psicanalista pode ajudar a gerenciar a ansiedade?
Sendo o transtorno de ansiedade um problema de grandeza mundial, a especialista ainda explica que a manifestação da ansiedade nada mais é do que uma resposta do nosso inconsciente a situações que seriam consideradas de perigo ou traumáticas.
Existem variados tratamentos para a ansiedade, um deles é a terapia. “A grande maioria dos traumas e conflitos internos reside no inconsciente e isso causa incapacidade de auto perceber. Quando o tratamento psicanalítico é utilizado para controle das manifestações de ansiedade dos pacientes, espera-se que o analista ajude analisando a compreender por que razão o inconsciente está se manifestando dessa maneira”.
“Como o inconsciente é a parte da mente que armazena situações da vida que não são lembradas ou que foram traumáticas por algum tempo, é natural que alguns dos comportamentos reprimidos em qualquer fase da vida (em especial na infância ou na adolescência), voltem a se revelar como sintomas de ansiedade durante a vida adulta”.
Psicanálise é a técnica de psicoterapia muitas vezes indicada por especialistas para a resolução de problemas relacionados com o inconsciente. A especialista enfatiza que “a psicanálise é capaz de ajudar a pessoa a compreender melhor o medo e como lidar com ele para que não se torne um quadro crônico de ansiedade”.
Portanto, tanto o medo, quanto estresse e ansiedade devem ser diagnosticados e tratados por profissionais para que a pessoa possa levar uma vida saudável.
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