
O que isso significa na prática?
É a partir desta categoria que, digamos assim, Sanner pode fazer de tudo. Isto inclui, poder levar uma câmera e gravar o salto, o que pra ele, que vem do audiovisual, é fundamental.
"Desta categoria em diante eu posso também saltar com os amigos. Posso também saltar sem macacão e sem capacete, que era itens obrigatórios nas categorias anteriores, por questões de proteção e segurança", explica Sanner.

"Comecei em 2013, em Resende, Rio de Janeiro, mas tive de abandonar o curso. Tempos depois, em 2018 eu retornei, e de lá pra cá, passei pelas categorias AI - Aluno em instrução, e com 25 saltos me tornei categoria A, de atleta. Após acumular 50 saltos, eu fiz este salto de mudança de categoria", conta Moraes.
O local do salto é o centro de paraquedismo de Piracicaba, no clube e escola Skydivethru, ele possui instrutores que o acompanham desde a sua primeira formação como paraquedista.
Para este salto, quem o acompanha e o avalia são os instrutores Daniel Borba, conhecido como Dani Boy, e Allan Satiro, conhecido como Toddynho.
Para ser aprovado, Sanner deveria ter proficiência na seguinte missão: Sair do avião em terceiro lugar e conseguir chegar em tempo hábil para gripar (segurar nos braços) nos dois instrutores que saíram antes dele.
Confira o relato de Sanner Moraes
"O dia está com ótimas condições meteorológicas. Céu azul com flocos de nuvens.
A 12.000 pés (3,6 km de altura), me posiciono na porta e começa a hora da verdade.
Eu saio, fundo e me desloco para alcançá-los, e no momento do contato em que fechamos uma estrela no ar, eu abro um sorriso e vibro a conquista!
Com tempo de sobra, seguimos para uma manobra já brifada, uma alternância de posição de estrela para uma forma de Y, chamada de Open Accord, e assim variando a formação, eu vou curtindo o melhor salto da minha vida.

Até a performance do meu pouso foi observada pelos instrutores.
Agora já sou Categoria B, e sigo para um segundo salto, com outra dupla de amigos.
Nosso objetivo é fazer um salto de diversão, e, durante a queda livre, naquela base de Open Accord, alternar a posição através de um contorno, orbitando a formação base, um de cada vez.
E para completar este salto, um instrutor vem navegando seu paraquedas e se aproximando de mim, em um voo de formação chamado de Flocking (quando se voa, já com paraquedas aberto, um próximo ao outro, no mesmo sentido, como em uma esquadrilha aérea), o que não deve ser feito por quem não tem experiência, já que essa manobra pode gerar riscos de entrelaçamento.

Ele me dá o comando e se aproxima!
É muita emoção poder vivenciar tantas experiências fantásticas em um mesmo dia.
Parece que, tudo que não pude fazer durante todos estes longos e privados anos, aconteceu tudo de uma só vez!
Para encerrar o dia, eu resolvo fazer um salto sem macacão, e finalizo o salto com um belo pouso!

Como se preparar psicologicamente e fisicamente para o teste de mudança de categoria?
Fisicamente, é necessário que o atleta tenha uma percepção de voo e habilidade, que será adquirido através de treinos com o instrutor. No caso da categoria B, funciona como um simulado da prova, que testa a capacidade de conseguir alcançá-lo em um movimento vertical e se deslocar horizontalmente para conseguir pegar na mão dele.
Este coach simulado é chamado de BBF, que significa em inglês Basic Body Flyght ou no portugês, Voo Básico de Corpo.
O psicológico está muito ligado ao desempenho, por isso o atleta precisa se sentir preparado e os treinos podem ajudar bastante nesta questão. Confira um dos saltos de Coach BBF que Sanner fez antes da sua mudança de categoria. Clique Aqui
Existe a chance do atleta não passar no teste de mudança de categoria?
Sim. No caso da categoria B, por exemplo, é possível que o atleta não consiga a proficiência no que deve ser feito: sair em terceiro lugar, dois instrutores sairão na frente e o atleta precisa buscar eles em queda livre, ajustando o nível de afundamento vertical e de deslocamento horizontal para chegar neles. Caso o atleta não consiga, ele é reprovado.
O pouso também é avaliado, por isso quem está testando para a categoria B precisa pousar perto do alvo.
Se o paraquedista for reprovado, ele pode tentar saltar novamente até no mesmo dia, caso ache que conseguirá uma boa performance.
Na verdade, o momento em que ele irá tentar novamente depende muito mais da preparação física e psicológica, mas não há um período mínimo estipulado.
Onde saltar de paraquedas?
No interior do estado de São Paulo, há duas áreas mais ativas atualmente, são elas a de Piracicaba e a de Boituva, no CNP (Centro Nacional de Paraquedismo). Ambas ficam localizadas nos respectivos aeroportos municipais.