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BairrosVila Industrial: Saiba o que há além do túnel de pedestres de Campinas

Vila Industrial: Saiba o que há além do túnel de pedestres de Campinas

Comércio, igreja e casas centenárias, a Vila Industrial é considerada berço do cinema com som de Campinas e de diversos movimentos artísticos populares

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O clima de época que evoca o velho e único túnel de pedestres de Campinas impressiona. O piso centenário de quadrados brancos e pretos da travessa que liga o Centro da cidade ao outro lado da Estação Cultura parece levar a uma viagem no tempo. Degraus de outra era e paredes brancas, com marcas dos anos, fazem com que o cotidiano seja repensado. O túnel tem data de 1915 e foi feito com esse objetivo: interligar duas realidades de Campinas.

“É perigoso andar lá, eu não aconselho”, alertou um barbeiro nas proximidades do Largo Marechal Rosário. “Eu passo lá todo dia para vir para o trabalho, não há perigo”, rebateu o colega de trabalho. Seja como for, o túnel da Fepasa (Ferrovia Paulista S.A), que interliga as ruas Lidgerwood com Francisco Teodoro, tem uma regra: seus portões fecham às 20h. Se fossem em outros tempos, fechar uma das únicas passagens que liga as duas importantes regiões de Campinas marcaria, mais uma vez, uma divisão de realidades.

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O bairro Vila Industrial está localizado entre os bairros Vila Nova Teixeira, Botafogo, Centro e o Parque Itália. Esse é um dos locais mais antigos de Campinas. “Na história oficial, é tido como o mais tradicional da cidade”, pondera o historiador da Prefeitura Municipal de Campinas, Américo Villela. Foi naquele pedaço de terra, nas proximidades das Companhia Paulista de Estrada de Ferro (1872) e da Mogiana (1874), que as primeiras casas de operários foram levantadas.

Seja pelos paralelepípedos das ruas, seja pela arquitetura das residências ou pelas duas pontas das torres da igreja que se erguem no horizonte, um fato é certo: observar os detalhes da Vila é como observar um pedaço do passado. “Um antigo morador classificava o trilho do trem como um verdadeiro ‘muro de Berlim’”, diz Villela. “De um lado, havia o Centro e do outro, os operários. A Vila Industrial era, portanto, fundamentalmente operária”.

“Antes de 1900, quando eram 6h30, abriam os portões a umas 1 mil pessoas. Às 10h30, saíam para almoçar e 12h entrava para trabalhar e às 16h encerrava o dia. Eram serviços de oficina e manutenção. Os trens circulavam 24 horas. Não paravam”, quem relembra o cotidiano dos operários, através da memória do já falecido pai, é Antônio Borges, 94 anos, que mora na Vila desde 1929. Ele se referia ao atual portão da Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas), na Rua Dr. Sales de Oliveira.

O morador também lembra que a Vila já foi berço de diversas expressões artísticas pioneiras de Campinas. ‘Seu Borges’ lembra com carinho da vez que ajudou na produção do primeiro longa-metragem com som feito em Campinas.

Arquitetura das casas no bairro Vila Industrial, em Campinas (Foto: Tudo EP)


“Quando fizeram um filme, eu fui junto. Eles precisavam de gente para levar coisas. E a gente foi lá”, afirmou, referindo-se ao artista Plácido Soave, influente no movimento do cinema campineiro. Nas proximidades da Paróquia São José, na Rua 24 de Maio, o cineasta nasceu, cresceu e morreu. Soave ganhou destaque por sua arte e envolvimento da comunidade nos seus primeiros filmes.

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Já Villela relembra outros marcos artísticos. “Há o personagem da vanguarda da arte Thomaz Perina, que influencia outros artistas do bairro”. O pintor, também nascido na Vila Industrial, ficou conhecido por retratar o cotidiano dos trabalhadores locais em seus quadros.


“Um homem que talvez não tenha tido a dimensão de sua importância no cenário cultural paulista durante a vida”, classificou um artigo publicado na SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), em 2010 – um ano depois da morte de Perina. “Na expressão popular, há também o samba. O bloco “Nem Sangue, Nem Areia”, conhecido como a “Banda do Boi”, é expressivo até hoje”, pondera Villela.

Seja como for, para além do túnel de travessia de pedestres há um pedaço do passado campineiro que resiste. Há uma realidade conservada, que persiste em manifestar suas expressões ao longo dos anos. Mas há também desafios. 

Acompanhe um pouco da Vila Industrial nas histórias destacadas abaixo e entenda o que há de fato para além do túnel centenário:

UMA VIAGEM PELA VILA INDUSTRIAL                 

  1. Nem Sangue, Nem Areia: Conheça um dos primeiros blocos de samba de Campinas

Sinézio estava concentrado ao volante, mas ele não deixava de expressar memórias afetivas do passado. Pelas ruas do bairro Vila Industrial, o sambista falava da infância, falava de um tempo de música, um tempo de diversão. Em um momento, ele apontava para a igreja e comentava sobre a história do padroeiro dos operários, São José – que leva o nome da paróquia -; no outro, ele mostrava, com saudosismo, as ruínas dos antigos curtumes.

Ainda ao volante, ele revelou. “O ‘Bloco do Boi’, isto é, o bloco ‘Nem Sangue Nem Areia’, tinha tudo a ver com aquela realidade”. Sinésio Jorge é filho de Zucão, um dos quatro fundadores da escola. “O pessoal chamava de ‘Bloco do Boi’ por simular uma tourada. Tinham dois bois, um toureiro e os bois ficavam correndo atrás da criançada. Era divertidíssimo”.

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  1. Plácido Soave: Conheça o primeiro cineasta a fazer filmes com som em Campinas

A família Soave deixou montada uma antiga mesa de madeira logo na entrada da histórica casa na Rua 24 de Maio. Em cima dela, álbuns, papéis antigos e fotografias das décadas de 40 e 50. “Você sabia que na garagem, o meu avô Plácido Soave gravou uma das últimas cenas de Fernão Dias?”, afirmou o empreendedor Sidney Soave, 52. 

Na verdade, nas redondezas da antiga casa da Vila Industrial, o entusiasta do cinema Plácido Soave faria muito mais do que apenas criar um cenário improvisado. Ele mobilizaria os moradores e criaria figurinos e contextos. O então professor do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) foi o responsável pelos primeiros filmes com som de Campinas. 

“Plácido Soave nasceu em Campinas em 1914 e, por sinal, aqui na Vila Industrial”, enfatizou Miriam Soave, 74, filha do cineasta campineiro. “Ele trabalhou na telefônica e entrou na escola Senai, para lecionar como pintor”, disse com empolgação.

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  1. Vila Industrial: Conheça histórias de moradores do bairro

A casa de dona Luzia fica no beco, ou melhor, na Travessa Manoel Dias – um dos primeiros agrupamentos de casas da Vila Industrial. Além de residente de uma das mais antigas localizações do bairro, Luzia Cordeiro Pereira também tinha uma padaria. “Eu tenho 76 anos, eu tive a primeira padaria em Hortolândia, mas mudei para a Vila depois que o meu filho nasceu”, revela.

Na Vila Industrial, Luzia construiu uma história. Fez um bom relacionamento com os vizinhos e criou toda uma família. Sentada nos degraus da casa da Travessa, ela suspirava, relembrando os tempos da padaria na rua de trás. “Teve tempos difíceis, sabe?. Nós contraímos algumas dívidas trabalhistas e acabamos fechando na pandemia”, revela.

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  1. Vila Industrial: saiba o que tem para fazer no bairro tradicional

“Eu sou nova aqui no bairro e eu gosto”, afirmou Francisca Domingos. A dona de casa é moradora da Vila Industrial há apenas seis meses, mas já tem uma opinião formada do lugar que resolveu chamar de lar. “Aqui é central, o bairro é tradicional, é um dos mais antigos de Campinas”, afirma.

Em frente à casa de Francisca e Antônio, há a Paróquia de São José, que completou 100 anos em 2021. A religião é importante para o casal, assim como o aspecto histórico que emana em um dos bairros mais tradicionais de Campinas. “Eu gosto muito do ‘jeito antigo’ daqui”, respondeu.

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  1. Vila Industrial: Por que comerciantes têm desafio de prosperar?

Ela é voluntária na igreja, na venda de pastel da feira, e é assídua da paróquia São José, da Rua 24 de Maio. Além de devota à comunidade católica local, Marely Curado é também referência no ramo da costura. À frente do ateliê da mesma rua da igreja, ela rememorou o momento em que assumiu o negócio familiar. “Foi depois da minha sogra ter sido furtada. Aí ela passou pra frente”, diz.

“Aqui no bairro não tem muita circulação de viatura. É péssimo. Aqui é bem abandonado”, afirma a costureira. O relato de Marely é confirmado por outros comerciantes que, cercados por incertezas, encontram um caminho árduo para prosperar. 

A segurança parece um problema aos moradores e pequenos negócios da Vila Industrial. No outro lado do bairro, o relato se repete. “O Prefeito tem que tomar uma providência para nós, comerciantes, termos segurança. Aqui não passa uma polícia”, diz a comerciante Ecledeia Lobo Rebelo.

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Projeto Vozes da Nossa Gente

Essa matéria faz parte do projeto multiplataforma “Vozes da Nossa Gente” do portal ACidade ON Campinas. O projeto destaca o jornalismo hiperlocal e busca uma maior conexão com a comunidade.

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