15 de maio de 2024
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Itshow

Guerra cibernética: ambientes digitais são cada vez mais alvos de combate militar

As guerras cibernéticas passaram a ser uma forma de conflito tão relevante quanto o combate militar para países que estão envolvidos em disputas.

As guerras cibernéticas passaram a ser uma forma de conflito tão relevante quanto o combate militar para países que estão envolvidos em disputas. E a razão para isso é relativamente simples.

Por exemplo, quando assistimos a um filme que nos remete à Guerra Fria, que aconteceu no século passado, vemos a disputa intensa por informação que leva, inclusive, a adoção da tática de utilizar profissionais infiltrados para descobrir o próximo passo do adversário: o
que, além da possibilidade de se antecipar na defesa, também abre caminho para a sabotagem.

Hoje em dia, com a crescente dependência da sociedade moderna na tecnologia e na conectividade digital, essas informações estão, em sua maioria, no espaço virtual.

Até mesmo as fake news também podem ser utilizadas neste contexto, a fim de tentar ganhar a opinião pública. Diante de uma sociedade imersa no ambiente digital, a guerra cibernética pode pregar a desinformação para minar a credibilidade de governos e instituições. E, mesmo que notícias falsas não sejam utilizadas, o espaço virtual já é um grande outdoor para estampar propagandas.

Os ataques virtuais são uma forma efetiva de obter vantagens indevidas e vem sendo utilizados por países, aumentando ainda mais a ameaça à segurança global. Apesar de ser um tema mais recente, que começou a ser utilizado com maior frequência no século XXI, a motivação e as origens são idênticas a da Guerra Fria: o que muda é a utilização do ambiente digital e dos recursos computacionais.

A prova disso é que muitos países já possuem as divisões de defesa e instituições militares que contam com equipes próprias especializadas em defesa cibernética – inclusive o Brasil. Esse novo campo de batalha é conhecido como o quinto domínio, se juntando ao
terrestre, marítimo, aéreo e espacial.

Políticas e estratégias bélicas utilizam computadores e redes interconectadas como soldados, que protegem seus espaços e ainda buscam prejudicar, explorar ou destruir os sistemas de computadores e redes do inimigo.

Em um futuro não muito distante, as forças militares e a capacidade de defesa dos países também serão medidas pelas suas defesas digitais. Ou seja, quão preparados e capacitados estão os países para se defenderem em um conflito digital?

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Real x virtual 

A utilização de técnicas de ataques cibernéticos, que une um alto grau de anonimato e a capacidade de causar prejuízos significativos com custos relativamente baixos, tem crescido muito, pois também não tem fronteiras geográficas como empecilho – disparos podem ser efetuados a partir de todo e qualquer lugar do planeta para atingir um alvo, desprezando a distância territorial. Porém, apesar da origem virtual, os danos de um ataque virtual são reais, com prejuízos materiais e a ameaça da segurança dos cidadãos.

Os efeitos de um ataque hacker podem, por exemplo, derrubar a rede interna de usinas elétricas para promover um blecaute no país inimigo; comprometer as linhas de comunicação para prejudicar a circulação de informações; e interferir no monitoramento de tráfego aéreo e em plataformas que realizam controle logístico da circulação de produtos e serviços.

Há mais de uma década, tivemos um exemplo claro e sofisticado de como esta batalha pode acontecer. O Stuxnet, um malware supostamente desenvolvido pelos Estados Unidos e Israel, foi utilizado para sabotar e atrasar o programa nuclear do Irã. Ele atacava controladores lógicos industriais da Siemens, os quais alteravam configurações para danificar as centrífugas das usinas, que eram fornecidas por este fabricante.

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Hoje em dia, é comum presenciar a utilização de técnicas de ataque DDoS (sigla que significa negação de serviço distribuída) e ransomware. Enquanto o primeiro tenta indisponibilizar um site ou recurso de rede com tráfego mal-intencionado, o segundo rouba dados e tira o acesso da vítima, que, normalmente, precisa pagar um resgate para recuperar estas informações.  

Rússia x Ucrânia 

O exemplo recente da guerra entre a Rússia e a Ucrânia colocou o mundo em alerta mais uma vez. No entanto, a disputa virtual entre esses dois países já vem desde 2015. No dia 23 de dezembro daquele ano, cerca de 230 mil pessoas ficaram sem energia elétrica em Kiev, capital ucraniana.

Terminais dos operadores foram destruídos e técnicos precisaram se deslocar até as subestações para religar a energia. Dois anos depois, em 17 de dezembro, a cidade voltou a sofrer um blecaute. Em ambos os casos, acredita-se que a Rússia estava por trás dos ataques.

Somente em 24 de fevereiro de 2022, veio a invasão territorial da Rússia. Porém, dois dias antes, o Ministério da Defesa, as Forças Armadas e dois bancos estatais ucranianos foram alvos de ataques de DDoS.

Segundo dados do Relatório da SonicWall, o número de ataques do tipo malware aumentou incríveis 185 vezes no primeiro semestre daquele ano. No primeiro mês do ano, foram 31.122 ataques, valor que subiu para 228.093 mil, em março (após a invasão), e saltou para espantosos 5.753.303 em junho.

O futuro da guerra cibernética 

Governos, organizações internacionais e até mesmo as empresas privadas estão buscando investir em sistemas de segurança, realizando acordos e tratados de cooperação internacionais, desenvolvendo políticas e regulamentos para ter padrões de segurança e conscientizando a sociedade da relevância de se proteger contra ataques virtuais.

Os avanços tecnológicos devem potencializar as ameaças e o poder de destruição em uma guerra cibernética. O aumento de dispositivos conectados à Internet, conhecida como Internet das Coisas (IoT), aumenta o número de alvos em um possível ataque e ainda
amplia o leque de alternativas sofisticadas para prejudicar o adversário.

Para completar, a IA (Inteligência Artificial), tão debatida atualmente, também terá papel de protagonista neste debate. A aplicação da ferramenta deve se tornar ainda mais complexa, pois vem sendo explorada tanto por atacantes quanto por defensores na guerra cibernética.  

O papel das empresas privadas  

Por mais que as empresas do setor privado não tenham uma relação direta com os conflitos citados entre países, todas, sem exceção, podem ser alvos de um grupo de ativistas e/ou hackers de outra nação, que deseja afetar e causar danos ao país alvo onde empresas estão instaladas. Isto é, o conflito, nem de perto, está restrito apenas aos órgãos militares e governamentais.

Grandes companhias, como o MySpace e o Yahoo, já sofreram com vazamento de contas: 360 milhões e 3 bilhões, respectivamente. No Brasil, o maior caso aconteceu em 2019, quando 29 milhões de clientes da operadora Vivo tiveram expostos dados como nome, RG, CPF, e-mail, telefone e até o nome da mãe.

A guerra cibernética é uma ameaça crescente que já causou e ainda deve causar impactos às empresas e aos cidadãos, que precisam se adaptar conforme sua evolução. Saber quais são os riscos cibernéticos, investir em segurança e tomar as medidas adequadas para proteger seus sistemas e dados sempre foi uma obrigação das companhias e não pode, de forma alguma, ser negligenciada.
 

Por Douglas Lopes, Gerente de Segurança da Informação da IntellTech | Itshow

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