*Por Marina Fávaro
Um levantamento realizado pelo Cepea apontou que no período de um ano o preço da raiz de mandioca caiu pela metade. Fábio Isaias Felipe, que é pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/Usp), explica que as forças de oferta e demanda são determinantes para o comportamento dos preços na cadeia produtiva da mandioca.
“O atual cenário é decorrente do aumento da oferta de mandioca, sobretudo, nos estados produtores do Centro-Sul (Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo), que concentram a industrialização de mandioca para a produção de fécula (amido) e farinha”, afirmou o pesquisador.
Ele ainda destaca que Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo – que representam 33% da produção nacional de mandioca – devem produzir mais de seis mil toneladas de mandioca neste ano, o que significa 10,9% a mais do que no ano anterior. “Isso pode ser explicado por conta do aumento da área e produtividade da cultura agrícola, a qual podemos atribuir às melhores condições de clima do último ano, já que as chuvas foram adequadas e suficientes para o desenvolvimento das lavouras”, disse.
O pesquisador afirma que o produtor rural pode sentir no bolso os impactos dessa queda. “De modo geral, há aperto nas margens do produtor, principalmente por conta da menor rentabilidade, o que pode até afetar os investimentos na atividade a médio prazo”, pontuou o especialista.
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O pesquisador ainda ressalta que a longo prazo a queda nos preços também pode ser observada nas prateleiras dos supermercados. “Isso pode ser observado especialmente no varejo, com menores preços no segmento de massas, biscoitos e panificação. Na indústria, por outro lado, esse movimento tende a ser menos intenso ao longo do ano”, afirmou.
Em relação às expectativas do mercado para os próximos meses, o pesquisador diz que “ao que se observa, este é um ano de maior disponibilidade de mandioca no Centro-Sul, que pode pressionar as cotações e as margens dos produtores. Espera-se que haja uma retomada na demanda pelos derivados (farinha e fécula), que venha a minimizar perdas, porém, esse possível comportamento ainda deve resultar de fatores macroeconômicos, como o Produto Interno Bruto (PIB)”.
*Sob supervisão de Marcelo Ferri
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