18 de maio de 2024
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EP Agro

Composto encontrado em semente de maracujá melhora protetores solares

Pesquisa de doutorado da Unicamp desenvolveu método para extrair o composto de semente de maracujá por micro-ondas; entenda

maracujá, colher, polpa
Brasil é maior produtor de maracujá e estudo possibilita novo destino às sementes (Foto: Freepik)

Uma pesquisa desenvolvida no IQ (Instituto de Química) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) extraiu da semente de maracujá o composto piceatanol, que pode ser usado para potencializar os efeitos do protetor solar.

Mesmo que estudos anteriores pudessem apontar propriedades fotoprotetoras e antioxidantes do piceatanol benéficas para a pele, a atual pesquisa se diferencia porque faz uso do método de micro-ondas para extraí-lo da semente do maracujá, aproveita elementos naturais centrais da produção brasileira, dando destino a semente dessa fruta, que costuma ser descartada.

A pesquisa é de autoria da doutoranda Gisláine Corrêa Silva com orientação da professora do IQ e coordenadora do Novacrom (Laboratório de Pesquisas em Cromatografia Líquida), Carla Bottoli, e tem o pesquisador do CPQBA (Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas), Rodney Rodrigues, como co-orientador do estudo.

Gisláine Corrêa Silva (Foto: Unicamp)

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Como funciona?

Os protetores solares têm por objetivo atuar como barreira a radiação ultravioleta do Sol. Baseados em sua ação, podem ser classificados em:

  • Inorgânicos/Físicos: refletem a radiação de volta ao ambiente
  • Orgânicos/Químicos: absorvem os raios e devolvem a energia ao ambiente em forma de calor

A ação dos orgânicos impede danos às células da pele. Ainda assim, não há 100% de bloqueio em nenhum caso, fazendo com que a indústria busque por componentes que possam aperfeiçoar a ação antioxidante e regenerativa da pele. Com medidas para redução da interação entre radiação ultravioleta e camadas profundas da pele, eventos como envelhecimento precoce da pele e surgimento de cânceres poderiam ser suavizados, de acordo com Silva.

O composto estudado pela doutoranda “possui uma certa capacidade de absorção da radiação ultravioleta, mas é instável para atuar como filtro solar. No entanto, as atividades antioxidantes e protetoras do colágeno fazem dele um potencial ativo de origem natural para fotoprotetores”.

Então, a pesquisa se voltou para verificação do potencial de penetração do piacetanol na derme quando formulado junto aos tipos de filtros solares acima descritos e sua interação junto a outro composto, o espilantol, que promove essa penetração e já é usado pela cosmetologia.

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Extração

Antes disso, porém, o trabalho teve uma primeira etapa centrada no estudo da extração do piceatanol das sementes de maracujá. O método escolhido foi a extração assistida por micro-ondas, que apesar de pouco convencional, mostrou bons resultados pois permitiu a ação sobre as moléculas seletivamente e em tempo reduzido de processamento. Com essa técnica, os pesquisadores conseguiram uma patente e isso possibilita que outras empresas façam uso da inovação.

O extrato em pó obtido teria uma aparência mais atraente em relação a cosméticos e contaria com alta concentração de piceatanol, restando analisar a eficácia do composto. Isso foi feito com o espilantol e outras três formulações:

  • Creme-base
  • Filtros solares inorgânicos
  • Filtros solares orgânicos

Sendo incompatível com os inorgânicos, tendo potencialização dos efeitos quando com os orgânicos e espilantol e com melhor interação com formulações oleosas. A membrana sintética foi usada no experimento como modelo de pele e constatou-se a possibilidade de o composto atingir a derme.

Creme base sem e com adição de piceatanol, respectivamente (Foto: Unicamp)

*Sob supervisão de Marcos Andrade

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Janaína Boaventura
Estagiária no Tudo EP e nA Cidade ON, é graduanda em Estudos Literários pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Adentrou no Grupo EP em 2024 e atua nos conteúdos digitais, enfaticamente com a parte textual.
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